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quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Feministas? Machistas? Humanistas.

Um espinho de uma rosa pode causar tanta dor como a ponta de uma espada. As mulheres têm tanto valor e tantas capacidades como os homens e as vozes femininas: agudas e suaves têm tanto direito de ser ouvidas como as vozes masculinas: graves e roucas. O problema é que em muitos países distantes, silenciosos e ignorados, as mulheres perderam a voz, caladas por homens cruéis. Em Portugal, por outro lado, o caminho para a igualdade está a ser percorrido de uma forma firme e rápida. Contudo, nem sempre foi assim. Tudo mudou a partir da década de 1920 quando as vozes se começaram a fazer ouvir.
Ana Castro Osório e Carolina Beatriz Ângelo
Uma delas, das mais sonantes foi a de Ana Castro Osório “uma mulher livre numa pátria livre”, escritora de diversas obras e com um fascínio e força especial para roubar os direitos a quem não os queria dar. A verdade é que conseguiu fazê-lo e nesse caso podemos considera-la a melhor ladra de Portugal. Era defensora ferrenha do feminismo, descrevendo a sua própria caraterística da seguinte forma: “Ser feminista não é querer as mulheres masculinas; mas sim desejá-las criaturas de inteligência e razão, educadas útil e praticamente, de modo a verem-se ao abrigo de qualquer dependência, sempre amarfanhante para a dignidade humana.” Foram estes mesmos valores que defendeu ferverosamente, chegando até a criar o Grupo Português de Estudos Feministas, em 1907, escrevendo bastantes livros sobre o mesmo assunto (o mais importante chamado ‘Mulheres Portuguesas’ foi escrito em 1905) e sendo uma das criadoras da Lei do Divórcio, juntamente com Afonso Costa.
Ela foi uma das figuras heroicas, no meio de muitas. As mulheres, numa equipa fantástica, conseguiram garantir direitos incluindo o de voto, o direito de contrato, de propriedade, direitos reprodutivos que incluem desde o acesso a métodos contracetivos até à regalia de cuidados pré-natais de qualidade. Exigiram também proteção contra a violência doméstica, o assédio sexual e até a violação tanto sexual como psicológica. Porém, o primeiro direito pelo qual lutaram foi o direito de voto, entre outros de caráter judicial. As denominadas sufragistas lutaram incansavelmente por esta regalia argumentando que, de acordo com a lei elas correspondiam a todos os critérios necessários para fazê-lo, visto que eram " [cidadãos portugueses com mais de 21 anos, que saibam ler e escrever e eram chefes de família] "
Movimento sufragista
Uma das cidadãs que usou como arma este argumento e conseguiu a tão desejada vitória contra a falta de direitos foi Carolina Beatriz Ângelo, a primeira mulher a votar em Portugal. Conseguiu fazê-lo visto que era chefe de família e viúva, tendo ao seu encargo uma filha. Depois de ir a recurso contra a decisão judicial, tendo o juiz proferido a famosa frase “Excluir a mulher (…) só por ser mulher (…) é simplesmente absurdo e iníquo e em oposição com as próprias ideias da democracia e justiça proclamadas pelo partido republicano. (…) Onde a lei não distingue, não pode o julgador distinguir (…) e mando que a reclamante seja incluída no recenseamento eleitoral». Acaba por morrer deixando a sua luta incompleta, luta essa que foi prosseguida ao longo de gerações e gerações, que foram percorrendo o caminho até chegarmos ao destino onde nos encontramos agora.
A verdade é que temos de agradecer a todas as mulheres que lutaram, com armas de latão para um melhor futuro, no qual nos inserimos. Caso, as damas da década de 20 não tivessem deixado os seus vestidos para vestir uma armadura e pegado nas suas rosas combatendo os homens e as suas espadas, hoje não poderíamos usufruir dos direitos que temos. Elas fizeram-se ouvir e berraram aos ouvidos de quem teimava em ignorar as suas vozes. Não há que ser feminista, não há que ser machista, temos de ser humanistas. Defender a humanidade porque somos uma e uma só raça. Fim.


Autoras: 

Beatriz Meneses, 9º A
Beatriz Mota, 9º A
Inês Gomes, 9º A