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quinta-feira, 30 de junho de 2016

Arquitetura do Ferro

Ponte de Ironbridge, primeira ponte metálica

O metal começa a ser usado na arquitetura e na engenharia civil no final do século XVIII e o seu desenvolvimento, paralelo ao da Revolução Industrial que afeta a produção e o mercado do ferro fundido, será mais rápido Inglaterra do que no resto da Europa, e será retardado pelas guerras napoleónicas.
Contudo, a arquitetura do ferro apareceu por volta da metade do século XIX. Enquanto que os arquitetos executavam historicismos, esforçando-se por inovar recorrendo à decoração, os engenheiros, mais ocupados com a questão técnica, preocupavam-se essencialmente em superar os desafios impostos pelas necessidades surgidas com a industrialização, dando origem ao capítulo mais original da arquitetura do século XIX – a chamada arquitetura do ferro.
Na época era vista como técnica pura aplicada a obras de engenharia sem qualquer mérito no campo da arquitetura. Assim, na tentativa de agradar ao gosto comum, executavam obras em ferro respeitando os historicismos e, frequentemente, encaixados em construções tradicionais como as estações de caminho-de-ferro, revelando uma adaptabilidade completamente nova na história da arquitetura. O resultado foi uma série de edifícios, construções e pontes, concebidos com propósitos completamente diferentes do habitual na arquitetura, colocando a tónica na função. Aliando a arquitetura do ferro com a recente invenção do elevador, foi possível construir em altura e desenvolver novos processos de construção em grande escala. É um marco fundamental na história da arquitetura.

Principais Edifícios em Arquitetura do Ferro

Estação de São Bento
Estação de S. Bento - Cobertura metálica da gare – Marques da Silva – Porto. A grande estação central do Porto é um edifício eclético, seguindo a melhor tradição "beaux-arts", enquadrado entre duas torres, bem no centro da cidade. O grande átrio está revestido por imponentes pinturas sobre azulejo, historicistas e história dos transportes, dando acesso à gare coberta por uma estrutura metálica.
Estação do Rossio - Cobertura metálica – José Luís Monteiro – Lisboa. Executada para a estação central de Lisboa, é utilizada uma estrutura de ferro, suportado por colunas de capitel coríntio, dando uma ideia de espaço amplo e perfeitamente funcional. Está integrada num edifício com fachada neomanuelina.
Estação do Rossio
Elevador de Santa Justa – Raul Mesnier de Ponsard – Lisboa. Talvez seja o principal exemplo de Neogótico em Portugal apesar de ser, também, um dos principais exemplos de arquitetura do ferro da cidade. Simula uma torre com seis andares fingidos, mas individualizados, com frisos e ogivas, coroada por uma plataforma mais larga, onde termina a subida. Tem acesso direto ao histórico  largo do Carmo, através de uma passagem, também em ferro, lateralmente às ruínas góticas da Igreja do Convento do Carmo (edifício verdadeiramente gótico que foi deixado em ruínas como memorial do terramoto de 1755 para as gerações futuras). Apesar do elevador ser em ferro e a igreja em pedra, encontra-se perfeitamente enquadrado pelas semelhanças estilísticas, não escondendo o seu carácter industrial. É um dos monumentos mais marcantes do centro histórico de Lisboa.
Central Tejo
Central Tejo - Estrutura de ferro – Lisboa. Ainda que invisível por fora devido ao seu revestimento em tijolo, a grande central termoelétrica de Lisboa, da primeira metade do século XX, (hoje convertida em Museu da Eletricidade), tem uma estrutura de ferro que constitui o seu esqueleto e que suporta todos os componentes e a maquinaria conseguindo-se, assim, grandes vãos no seu interior. O seu revestimento de tijolo tem influências da Arte Nova e do Classicismo.
Ponte Maria Pia – Gustave Eiffel – Porto. Ponte metálica exclusivamente para caminho-de-ferro destaca-se pela elegância do seu enorme arco central e perfeita integração paisagística. Feita para vencer o enorme declive imposto pelo rio Douro, de modo a permitir a ligação em comboio com Lisboa, torna-se um dos grandes símbolos do desenvolvimento no norte de Portugal.
Ponte Maria Pia, 1900
Ponte Luís I – empresa Bartissole Seyrig – Porto. É a segunda ponte metálica sobre o rio Douro. Ao contrário da ponte pênsil foi pensada para a ligação pedestre entre as duas margens, tanto ao nível da ribeira como da serra do Pilar. Possui um grande arco central, suportando o tabuleiro superior, do qual está literalmente "pendurada" uma passagem inferior. Esta ponte foi executada no mesmo local onde existia a antiga Ponte das Barcas, que permitia a passagem entre as duas margens, destruída durante as invasões francesas, e já claramente insuficiente para as necessidades da população. Atualmente são ainda visíveis partes das estruturas da antiga ponte junto ao tabuleiro inferior.
Ponte Eiffel – empresa Eiffel – Viana do Castelo.  Originalmente, a travessia do Rio Lima era feita a bordo de uma barca do concelho; posteriormente, foi substituída por uma ponte em madeira, cuja construção foi autorizada em 1807. No entanto, devido às Invasões francesas, as obras só começaram entre 1818 e 1820. Esta ponte ligava os mesmos locais onde a barca atracava, ou seja, a Praça do Príncipe, na margem direita, ao Cais de São Lourenço, na margem esquerda. O projeto para a nova ponte foi fixado a cerca de 300 metros a montante da de madeira, com o viaduto na margem direita a passar junto ao limite oriental da cerca do Convento de São Bento. O projeto para a nova ponte foi elaborado pelo engenheiro Gustave Eiffel.
Ponte Eiffel
Palácio de Cristal – da autoria do arquiteto inglês Thomas Dillen Jones – Porto. Inaugurado em 1865, o Palácio de Cristal original acabou por ser demolido em 1951 para dar lugar ao Pavilhão dos Desportos, hoje Pavilhão Rosa Mota. A sua construção iniciou-se em 1861, sendo inaugurado pelo rei D. Luís e foi concebido para acolher a grande Exposição Internacional do Porto. Além de espaço de exposições, também recebeu eventos culturais.
Mercado Ferreira Borges – traçado pelo arquiteto João Carlos Machado – Porto. Construído em 1885 para substituir o já velho Mercado da Ribeira. O nome do mercado homenageia José Ferreira Borges, um jurisconsulto e político portuense que esteve na génese da implantação do regime liberal em Portugal.
Palácio de Cristal


Autora:

Teresinha Costa, 6ºB