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sexta-feira, 22 de dezembro de 2017
O presépio
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Vaticano 2017 |
«Gostaria de fazer memória daquele Menino que nasceu em Belém e, de alguma forma, entreviu com os olhos do corpo as privações em que se encontrou devido à falta das coisas necessárias a um recém-nascido, como foi deitado numa manjedoura e como jazia no feno entre o boi e o burro».
Era o ano 1223 e faltavam 15 dias para o Natal: S. Francisco - que duas semanas antes tinha tido a alegria de ver a Regra dos seus frades aprovada pelo papa Honório III - exprime este desejo a um certo João, «um homem muito querido» do santo. E na noite de Natal «Greccio torna-se a nova Belém», com a cena do nascimento de Cristo, viva e palpitante, enquanto que Francisco, «vestido como levita, porque era diácono, canta com voz sonora o santo Evangelho e fala depois ao povo com palavras dulcíssimas».
Mesmo que todos conheçam esta história da génese do presépio, quis voltar a evocá-la através do testemunho de um seu contemporâneo, Tomás de Celano, na sua biografia do santo, conhecida como “Vita prima”. É ainda ele a explicar o sentido daquela sacra representação natalícia: «Naquela cena honra-se a simplicidade, exalta-se a pobreza, louva-se a humildade».
São estas as três estrelas simbólicas que brilham na noite de Natal de Jesus e é precisamente esta constelação que faz compreender quanto o presépio ultrapassa a própria fé cristã e se torna um sinal universal para todos os homens e mulheres de coração e vida simples, pobre e humilde.
Nesse pequeno quadro, modelado algo livremente a partir da narração do evangelista Lucas (2, 1-20), se transformou desde então num marco da história da arte, pelo que eliminá-lo do conhecimento das jovens gerações atuais significaria tornar incompreensível uma série interminável de obras de arte distribuídas pelos séculos.
É curioso notar que minicenas representando o presépio já eram esculpidas nos sarcófagos cristãos dos primeiros séculos e, a partir do ícone da escola pictórica russa de Novgorod (séc. XV), era fácil ver o Menino deposto numa manjedoura em forma de sepulcro. Queria-se assim exaltar o nexo entre a vida física de Jesus e a vida gloriosa e divina que fulguraria na sua ressurreição.
Perder o presépio, por isso, quer dizer não só eliminar um emblema espiritual no qual se podem reencontrar as famílias miseráveis dos barcos que aportam às costas do Mediterrâneo com mães que apertam no seio crianças desnutridas e exauridas, mas é também arrancar um número enorme de páginas da nossa história cultural mais alta.
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Presépio da Basílica dos Mártires (Lisboa) |
No presépio encontram-se componentes puramente cristãs, como a incarnação do Filho de Deus («o Verbo torna-se carne», escreverá S. João), assumindo um rosto, uma história, uma pátria terrena, ou temas como a maternidade divina de Maria e o cumprimento da espera messiânica. Todavia, elas entretecem-se com questões universais, como a vida, a maternidade, a infância, o sofrimento, a pobreza, a opressão, a perseguição.
A excelência teológica, espiritual e humana destes temas exprime-se com grande sobriedade e intensidade na narrativa evangélica, mas tornou-se mais quente e colorida através da tradição popular e até do folclore. Pensemos por exemplo na pitoresca sequência dos presépios que, desde o séc. XVII, procuram atualizar o Natal de Jesus com a introdução de elementos da vida contemporânea, caindo por vezes no mau gosto, mas demonstrando sempre a importância daquele sinal religioso para o quotidiano das pessoas simples.
Como é sabido, a entrada em cena – já com S. Francisco – do burro e do boi é apócrifa e não evangélica, porque nasce da aplicação muito livre ao acontecimento de Belém de um passo do profeta Isaías, que rotulava assim a indiferença do povo hebraico em relação com o seu Deus: «O boi conhece o seu dono, e o jumento, o estábulo do seu senhor; mas Israel, meu povo, nada entende» (1, 3).
Partimos da figura de um santo que está diante do presépio. Concluímos agora com um ateu, o célebre dramaturgo alemão Bertolt Brecht, que numa poesia recompõe o seu presépio vivo, constituído por uma família pobre, semelhante à de muitos refugiados que vivem nos acampamentos ou nas cidades sob o pesadelo da guerra, bem como daquelas que em não poucas casas vivem momentos difíceis: «Hoje estamos sentados, na véspera de Natal,/ nós, gente mísera/ num gélido quartinho./ O vento corre de fora,/ o vento entra./ Vem, bom Senhor Jesus, a nós!/ Volta o olhar:/ porque Tu és-nos realmente necessário».
Autores:
Teresinha Costa, 8ºB
Henrique Andrade, 8ºB
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sexta-feira, 30 de junho de 2017
Magnum: uma vida na fotografia
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Guerra Civil Espanhola, 1936 (Fotografia de Robrt Capa) |
Uma exposição em Nova Iorque, comemorativa dos 70 anos da fundação da Agência Magnum (uma cooperativa de fotógrafos), no Museu International Center of Photography é um momento único para celebrar o fotojornalismo. Os curadores Clément Chéroux e Clara Bouveresse demonstram como a Magnum Photos deve sua preeminência à capacidade dos seus fotógrafos em englobar e cruzar a fotografia como objeto de arte e a fotografia como evidência documental.
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Guerra Civil de Espanha, 1936 (Fotografia de Robert Capa) |
A exposição é feita através das fotos, mas também recupera encontros dos próprios fotógrafos, como Robert Capa e Henri Cartier-Bresson, as duas figuras emblemáticas da agência, com um centro de gravidade situado entre Paris e Nova York, os seus dois laboratórios históricos.
A Magnum é uma “utopia fotográfica”, dizia o francês Cartier-Bresson, “uma construção de observadores”.
A cooperativa de fotógrafos marcada pela Segunda Guerra Mundial, a agência representa desde o seu início os valores humanitários, muito presentes nos seus primeiros anos de vida.
Setenta anos depois da sua criação, em 6 de fevereiro de 1947, ao redor de uma garrafa de champagne no Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA), a agência ainda emprega 49 fotógrafos e continua a oferecer a sua crónica visual do mundo. Uma longevidade sem igual para uma instituição que se dedica exclusivamente à fotografia.
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Leninegrado, Rússia, 1973 (Fotografia de Henri Cartier-Bresson) |
Autoras:
Catarina Lopes, 9ºA
Dânia Neto, 9ºA
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Gaudí e a sua arquitetura
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Sagrada Família |
Antoni Gaudí i Cornet (1852-1926) foi um famoso arquiteto catalão e figura de ponta do Modernismo catalão. As obras de Gaudi revelam um estilo único e individual e estão, na sua maioria, na cidade de Barcelona.
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Casa Vicens (Barcelona) |
Grande parte da obra de Gaudi é marcada pelas suas grandes paixões: arquitetura, natureza e religião. Gaudi dedicava atenção aos mais ínfimos detalhes de cada uma das suas obras, incorporando nelas uma série de ofícios que dominava: cerâmica, vitral, ferro forjado e marcenaria. Introduziu novas técnicas no tratamento de materiais, como o trencadís, realizado com base em fragmentos cerâmicos.
Depois de vários anos sob influência do neogótico e de técnicas orientais, Gaudi tornou-se parte do movimento modernista catalão, que atingiu o seu apogeu durante o final do século XIX e início do século XX. O conjunto da sua obra transcende o próprio movimento, culminando num estilo orgânico único inspirado na natureza. Gaudi raramente desenhava projetos detalhados, preferindo a criação de maquetes e modelava os detalhes à medida que os concebia.
A obra de Gaudi é amplamente reconhecida internacionalmente e objeto de inúmeros estudos, sendo apreciada não só por arquitetos como pelo público em geral. A sua obra-prima, a inacabada Sagrada Família, é um dos monumentos mais visitados de Espanha. Entre 1984 e 2005, sete das suas obras foram classificadas como Património Mundial pela UNESCO. A devoção católica de Gaudi intensificou-se ao longo da sua vida e a sua obra é rica no imaginário religioso, o que levou que fosse proposta a sua beatificação.
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Pormenor Casa Batlló (Barcelona) |
Já arquitecto de créditos firmados, Gaudí buscou um estilo próprio e se quisermos citar exemplos desse estilo a Casa Batlló e a Casa Milá serão certamente as que nos acudirão ao espírito. De tal forma ousadas eram essas construções que o público de Barcelona, apesar da estima e do prestígio de Gaudí, não deixou de as alcunhar e de as considerar quase aberrantes. A obra de Gaudí por excelência foi, no entanto, o templo expiatório da Sagrada Família, obra a que dedicou uma parte importante da sua vida e em que trabalhou aturadamente nos seus últimos 12 anos de existência.
Uma visita a Barcelona vale a pena para explorar este grande artista do século XX...
Autoras:
Catarina Lopes, 9ºA
Dânia Neto, 9ºA
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Livrarias
A Bertrand Chiado foi considerada pelo Guinness Book, em 2011, a livraria mais antiga do mundo ainda em funcionamento. Tendo surgido em 1732, a loja que hoje está situada na Rua Garrett no Chiado tem diversas salas e alguns poucos cantinhos para que os leitores e visitantes possam estar ali algum tempo a ler. Por ter tanto tempo de funcionamento, a livraria acompanhou diversos pontos marcantes da história além de ter tido o privilégio de receber frequentadores importantes. Muitos pensadores e escritores famosos frequentaram a livraria, não só para lerem e conviverem mas também para participar das tertúlias que tinham lugar ali. Eça de Queirós, Antero de Quental e Alexandre Herculano são alguns dos que por lá passaram, sendo este último frequentador assíduo do local, tendo inclusive lançado livros na livraria. Aquilino Ribeiro também era habitué, de tal modo que logo na primeira sala ao lado direito é possível ver o “Cantinho do Aquilino”.
A primeira loja da Bertrand foi inaugurada na Rua Direito do Loreto por Pedro Faure. Depois do famoso terremoto de 1755 tiveram que mudar para perto da Capela de Nossa Senhora das Necessidades, retornando a baixa pombalina 18 anos depois, depois de já estar reconstruída. A Bertrand com o passar dos anos foi se expandindo e é hoje a maior rede de livrarias de Portugal com mais de 50 lojas.

Agora que as férias estão a chegar, nada como nos envolvermos em longos momentos de leitura, visitando as histórias criadas pelos escritores mundiais, à venda numa livraria perto de si...
Autor:
Maria Moreira, 8ºA
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sexta-feira, 7 de abril de 2017
Entrevista à diretora do Museu de Penafiel
O Museu Municipal de Penafiel é uma Instituição fundamental na dinamização cultural do Vale do Sousa. Por esse motivo, a entrevista à Dr.ª. Maria José Mendes da Costa Ferreira dos Santos, diretora deste museu, reveste-se de grande interesse.
CCM News:
Quem fundou o museu e em que ano?
Museu de Penafiel:
O museu de Penafiel foi fundado por Abílio Miranda, no ano de 1948.
CCM News:
Conte-nos um pouco mais sobre a história do fundador.
Museu de Penafiel:
Abílio Miranda era o farmacêutico da cidade de Penafiel. Este também era estudioso local e delegado da junta de educação nacional. Abílio interessava-se por questões de arqueologia, do património e da história. Este senhor foi o que mais batalhou, durante vários anos para que Penafiel tivesse um museu. Por causa do esforço do mesmo, o museu acabou por ser fundado.
CCM News:
Porque a cidade de Penafiel tem este nome?
Museu de Penafiel:
Antes de Portugal existir, no Séc. XI, Penafiel de Canas ou Penafiel de Sousa era o nome que se atribuía ao lugar onde estava o castelo de Penafiel. Na altura da alta idade média, os territórios tinham fortificações militares, porque era uma altura em que se estava a processar a reconquista cristã. Quando D. José elevou o lugar que durante toda a Idade Média se chama Arrifana de Sousa à categoria de cidade, resolveu atribuir á cidade o nome de Penafiel, ou seja, foi só a partir do Séc. XVIII que esta cidade se começou a chamar de Penafiel.
Acha que as crianças penafidelenses conhecem bem a história da sua cidade?
Eu não diria que conhecem bem. Diria que vão conhecendo através do seu percurso escolar e das visitas que faze ao museu, à biblioteca e ao arquivo. Aqui no museu, nós tentamos, na Sala da Identidade, fazer-lhes o enquadramento da história.
Na sua opinião, qual é a Sala que cativa mais as crianças?
Museu de Penafiel:
Na minha opinião, todas as Salas têm o seu ponto de interesse para todos os tipos de público, para crianças, jovens, adultos e idosos. Contudo, se calhar por causa daquela interação que se tem com as lampreias do olhómetro, com os ecrãs táteis, a Sala do Território acaba por ter um interesse acrescido. Por outro lado, a Sala da Arqueologia, para as crianças é muito interessante quando nós vamos subir a plataforma central, do cemitério, eles podem ver aquilo que é realmente um sepulcrário Romano das escavações do castro do Monte Mozinho.
CCM News:
Podia-nos resumir o conteúdo de todas as salas?
Museu de Penafiel:
Na exposição permanente do museu, existem 5 salas. A primeira sala da exposição permanente é a Sala da Identidade. É uma sala onde procuramos retratar a evolução histórica do concelho desde o Séc. XX até à atualidade, apresentando os respetivos documentos. Aqui também retratamos o S. Jorge, não porque haja um culto religioso muito grande, mas sim por causa da ligação às festas do Corpo de Deus. No mesmo local está exposta a colcha municipal que é um orgulho para os penafidelenses, e também faz-se alusão ao Padre Américo, que foi o fundador da casa do Gaiato. Na segunda sala, a Sala do Território apresenta alguns marcos sobre diversos tipos de territórios. Aqui também está presente o Olhómetro, onde as pessoas podem ver 5 filmes diferentes que retratam diferentes tipos de território. Também se pode explorar o território, nos ecrãs táteis que têm vistas de 360º.De seguida temos a sala da arqueologia onde possuímos mais de 5 milénios de história, portanto é aqui retratado o percurso cronológico, desde o megalitismo até ao final da época romana. Na quarta exposição, na Sala dos Ofícios é retratado, a partir de duas linhas condutoras, que têm por base duas matérias-primas diferentes, por um lado o ferro e por outro lado, a madeira, não só o património cultural, com a alusão às duas principais festas do concelho (o Corpo de Deus e a Feira de S. Martinho) como também os ofícios e as profissões mais importantes do nosso território e que, infelizmente grande parte delas já tende a desaparecer (ferreiros, cesteiros, agricultores, sapateiros, tamanqueiros, pauzeiros, tanoaria e carpintaria).Por fim, na Sala da Terra e da Água, é referida a importância destes dois elementos na agricultura, na parte rural e na economia penafidelense. Aqui também é feita uma referência à Casa Tradicional.
CCM News:
Nos últimos domingos de todos os meses, fazem o domingo no museu. Qual é o objetivo dessa atividade?
Museu de Penafiel:
Com as visitas escolares que tínhamos, para além da visita ao museu, era feita uma oficina prática, para consolidar os seus conhecimentos. Então, começamos a perceber que esses meninos que vinham durante a semana com a escola, ao fim de semana, também vinham com a família. Contudo, estes ficavam muito desiludidos, pois não tinham as tais atividades. Por isso, resolvemos criar este programa para as famílias. Este projeto gira em torno de um tema, dado pelo objeto que nós selecionamos para ser o objeto do mês, o que também nos permite dar a conhecer aos nossos visitantes a grande diversidade da coleção do museu (o que está apresentado nas exposições permanentes corresponde a 10% do total que é a nossa coleção). O objetivo é que as crianças, acompanhadas da sua família, trabalhem com eles na oficina, durante esse espaço de tempo. Estas atividades não precisam de marcação.
Entrevistadora:
Leonor Viva, 7ºB
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100 anos de "Ultimatum Futurista"
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Óleo de Almada Negreiros, s/ título, 1940 |
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Autoretrato de Almada |
"Eu não pertenço a nenhuma das gerações revolucionárias. Eu pertenço a uma geração construtiva. (.) É preciso criar a pátria portuguesa do século XX. O povo completo será aquele que tiver reunido no seu máximo todas as qualidades e todos os defeitos. Coragem, Portugueses, só vos faltam as qualidades." É desta forma que Almada-Negreiros dá início, há precisamente 100 anos, ao seu «Ultimatum Futurista». Artista e escritor polifacetado, José de Almada-Negreiros nasceu a 7 de Abril de 1893, em S. Tomé e Príncipe, e morreu a 15 de Junho de 1970, em Lisboa.
A mensagem, provocatória, de Almada está impregnada do espírito Futurista, que se iniciara em 1909 com o manifesto de Filippo Tommaso Marinetti publicado na revista Le Fígaro. O texto dedicado às gerações portuguesas decadentes, foi lido por Almada Negreiros em abril de 1917, num espetáculo no Teatro República com outros representantes da Geração d'Orpheu. Os temas centrais são a guerra e um novo patriotismo anti-saudosista, anti-democrático, baseado na concorrência técnica e vital entre povos.
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Revista "Portugal Futurista" |
Uns meses depois, em novembro, este "Ultimatum Futurista às Gerações Portuguesas do Século XX" seria publicado naquele que foi o único número da revista Portugal Futurista. Também lá estavam poemas de Mário de Sá-Carneiro e de Pessoa, o melhor do futurismo estrangeiro, uma homenagem a Santa-Rita Pintor, a reprodução de quadros de Amadeo de Souza-Cardoso e outro "ultimatum", o de Álvaro de Campos, onde o heterónimo de Pessoa se declarava contra uma Europa onde "homens, nações, intuitos está tudo nulo!" A revista, por sorte, escapou à censura prévia que vigorava em tempo de guerra.
Após a sua leitura terão oportunidade de constatar o quanto ele está atualizado. Mais, o quanto as suas palavras são intemporais, aplicando até aos nossos dias. Deixamos, em jeito de provocação, a parte final do texto de Almada Negreiros. Divirtam-se...
"Para criar a pátria portuguesa do século XX não são necessárias fórmulas nem
teorias; existe apenas uma imposição urgente: Se sois homens sede Homens, se sois
mulheres sede Mulheres da vossa época.
Vós, ó portugueses da minha geração, que, como eu, não tendes culpa nenhuma de
serdes portugueses.
Insultai o perigo.
Atirai-vos prà glória da aventura.
Desejai o record.
Dispensai as pacíficas e coxas recompensas da longevidade.
Divinizai o Orgulho.
Rezai a Luxúria.
Fazei predominar os sentimentos fortes sobre os agradáveis.
Tende a arrogância dos sãos e dos completos.
Fazei a apologia da Força e da Inteligência.
Fazei despertar o cérebro espontaneamente genial da Raça Latina.
Tentai vós mesmos o Homem Definitivo.
Abandonai os políticos de todas as opiniões: o patriotismo condicional degenera e
suja; o patriotismo desinteressado glorifica e lava.
Fazei a apoteose dos Vencedores, seja qual for o sentido, basta que sejam
Vencedores. Ajudai a morrer os vencidos.
Gritai nas razões das vossas existências que tendes direito a uma pátria civilizada.
Aproveitai sobretudo este momento único em que a guerra da Europa vos convida
a entrardes prà Civilização.
O povo completo será aquele que tiver reunido no seu máximo todas as qualidades
e todos os defeitos. Coragem, Portugueses, só vos faltam as qualidades."
Autoras:
Dânia Neto, 9ºA
Catarina Lopes, 9ºA
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quinta-feira, 6 de abril de 2017
Santo Sepulcro vê a luz do dia...
A crucificação de Jesus ocorreu no ano de 33 d.C. Jesus foi preso e julgado pelo Sinédrio e condenado por Pôncio Pilatos. Após a sua condenação, Jesus enfrentou 18 horas de tortura (Calvário), até morrer na cruz.
Desde a crucificação de Jesus que a cruz se tornou um elemento chave no simbolismo cristão. Após a sua morte, o seu corpo foi retirado da cruz e enterrado num túmulo escavado na rocha. De acordo com os evangelhos, dois dias depois, “ao terceiro dia” terá ressuscitado.
A localização precisa da crucificação é alvo de muitas conjeturas, mas os relatos bíblicos indicam que ela ocorreu fora dos muros da cidade, num local acessível aos que passavam e passível de ser observado à distância.
Na sequência da destruição de Jerusalém, em 70 d.C, o imperador romano Adriano ordenou, que o local identificado com a sepultura de Jesus, fosse coberto com terra e que nele fosse construído um templo dedicado à deusa Vénus.
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Sacerdote grego dentro da edícula da Igreja do Santo Sepulcro |
Em 316 d.C. o imperador Constantino decidiu construir nesse lugar, um santuário apropriado, a Igreja do Santo Sepulcro. Um edifício, que entre os romanos, servia como local de encontro, de comércio e de administração da justiça. Localizado no Quarteirão Cristão da Cidade Velha de Jerusalém.
Em 614 d.C., a igreja de Constantino foi gravemente danificada durante um incêndio ocorrido durante uma invasão dos persas sassânidas que roubaram os tesouros da igreja, restando apenas alguns restos escassos dela. A basílica foi reconstruída pelos bizantinos durante a reconquista da cidade pelo imperador Heráclio.
Em 966 d. C., as portas e o telhado da igreja foram queimados durante um motim. Em 1009 d. C., o califa Al Hakim ordenou a destruição de todas as igrejas de Jerusalém, incluindo o Santo Sepulcro, sendo que somente os pilares da igreja sobreviveram à destruição.
A reconstrução foi concluída em 1048 d. C. Em 1099 d. C. os cruzados conquistaram Jerusalém e tomaram posse da Igreja do Santo Sepulcro. A nova Igreja, foi consagrada em 1149 d. C.
No século XIV começou a ser administrada e repartida entre as igrejas Católica Romana, Ortodoxa, Armena, Ortodoxa Copta, Ortodoxa Siríaca e a Igreja Ortodoxa Etíope, constitui um dos locais mais sagrados da cristandade.
No século XVIII, procedeu-se à reparação da cúpula da Igreja do Santo Sepulcro. Em 1808, um incêndio danificou o local e a restauração iniciou-se em 1810. Novos restauros ocorreram entre 1863 e 1868.
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Edícula em restauro |
Em 1927, um abalo sísmico em Jerusalém causou graves estragos à estrutura.
As autoridades israelitas decidiram encerrar o edifício por falta de segurança, sendo que os trabalhos de restauração foram iniciados em 2016, após quase 200 anos de disputas entra as ramificações cristãs grega ortodoxa, arménia e católica romana.
Uma equipa de cientistas e técnicos de restauro de património cultural concluiu os trabalhos realizados no local do túmulo de Jesus, na Cidade Antiga de Jerusalém, e a área reabriu ao público no 22 de março de 2017. O grupo trabalhou nos últimos nove meses na Basílica do Santo Sepulcro e teve como foco uma pequena estrutura acima do local de sepultamento, conhecida como a Edícula.
A estrutura precisará ainda de reforços arquitetónicos e conservação, incluindo a instalação de uma rede subterrânea de drenagem para água da chuva e de esgotos. Após dez meses de restauros, durante os quais foram limpas as lâminas de mármore da armação e sua estabilidade foi reforçada, a Igreja está de novo disponível ao público. Além disso, lajes danificadas foram substituídas, as fissuras foram cobertas com cola e os suportes foram reforçados para que o monumento dure para sempre, pelo menos são os desejos da equipa de intervenção.
Autor:
Henrique Salgado de Andrade, 7ºB
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O Mosteiro de Ferreira - entre o esquecimento e a memória
Situado na freguesia de Ferreira, concelho de Paços de Ferreira, a igreja de S. Pedro de Ferreira constitui, para muitos, o “...último e único vestígio...” de um mosteiro do século X, que surge referenciado no testamento de Mumadona Dias, com data do ano 959.
No Boletim da Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, nº 7, março de 1937, do Ministério das Obras Públicas e Comunicações de 1937, uma das relíquias da biblioteca da minha família, lê-se que “ Quási todos os autores que se têm referido ao mosteiro de S. Pedro de Ferreira apresentam-no como sobrinho de D. Afonso Henriques...”. Dado que inicialmente pensou-se que Soeiro Viegas, marido de D. Sancha (irmã do primeiro rei de Portugal), teria sido o fundador do mosteiro. Todavia, Soeiro Viegas não teria sido, realmente, o fundador deste mosteiro. Este terá feito parte, primeiramente, da Ordem do Templo, e, mais tarde, à Ordem dos Cónegos Regrantes, que, no século XV se extinguiu, passando então, o mosteiro, a pertencer ao Bispo do Porto.
A igreja, que atualmente existe, começou a ser construída em 1182, contudo foi possível identificar alguns componentes de uma outra igreja construída entre o fim do século XI e o início do século XII.
Este mosteiro sofreu numerosos danos durante, pelo menos, oito séculos. No entanto, por volta do século XVIII, a Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais ordenou que fossem feitas obras de restauro. Estas obras não modificaram muito o monumento original, porém, ajudaram o mosteiro, de modo a este não ficar em ruínas.
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Capitéis do portal ocidental |
O Mosteiro de Ferreira é reconhecido, no famoso parque temático "Portugal dos Pequenitos", pelos seus capitéis do portal ocidental. E, como é referido online em Rota do Românico, "O túmulo o nobre D. João Vasques da Granja é uma das únicas peças funerárias que ainda resta da história do Mosteiro.”
A igreja do Mosteiro de S. Pedro de Ferreira foi classificada como Monumento Nacional pelo Dec. 14 985, DG 28 de 3 de fevereiro de 1928. Atualmente é um dos monumentos que faz parte da Rota do Românico e está aberta para culto e visitas.
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Mosteiro de Ferreira em 1943 |
Os habitantes de Ferreira, consideram o “Mosteiro”, pois é assim que lhe chamam, o ex-líbris do concelho de Paços de Ferreira. Segundo reza a história, há quem diga que “...foi aqui que tudo começou, há muitos anos com os monges...o que seria de Paços se não existisse Ferreira...o Mosteiro é, sem dúvida alguma, o monumento mais bonito do concelho.”
Autora:
Sofia Pinto, 7ºB
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quarta-feira, 14 de dezembro de 2016
O legado egípcio...para lá das pirâmides
Se pedirmos a alguém para identificara a civilização faraónica, a resposta mencionaria as pirâmides e as múmias. Quantas pessoas sabem que existe um grande índice de ideias, palavras e costumes que nos chegaram do Antigo Egito?
Hoje sabemos que a presença egípcia na Síria- Palestina foi uma grande constante desde as suas primeiras dinastias. Esta presença levou ao domínio da região durante o Império Novo, este foi o período durante o qual mais recursos culturais faraónicos foram impressos no Mediterrâneo Oriental, onde estes acabariam por chegar ao mundo ocidental através dos fenícios, gregos, judeus e árabes.
O alfabeto egípcio:

Contos e lendas:
O alfabeto não é o único aspeto relacionado com a escrita ou a literatura que nos chegou das margens do Nilo. A literatura presta tributo à tradição egípcia. Exemplos de contos faraónicos: “A conquista de Jaffa”, “Príncipe Predestinado” etc. A nós, também chegaram palavras usadas pelos faraós e pelos seus súbditos, por exemplo “o adobe” tem a raiz faraónica djebet, “oásis” deriva de uhat (“região dos oásis”)
O Egito e a Bíblia:
A cultura egípcia presente no livro sagrado judaico-cristão não se limita aos faraós mencionados, nem à sua influência direta na política regional como aconteceu com Chechonk, Tahara e Necau. Essa inspiração reflete-se co conteúdo de alguns dos seus textos. O livro onde se torna mais evidente a influência faraónica é nos “Provérbios”, porque a sua primeira parte oferece grande semelhança com uma dezena de capítulos da “Instrução de Amenemope”.
Relatos da criação:
Uma das principais cosmogonias do Egito é a chamada teologia menfita cujo protagonista e criador do mundo é o Deus Ptah, deus titular de Mênfis. Dos egípcios, recebemos inclusivamente alguns costumes tão enraizados entre nós como as procissões religiosas. No Egipto, só é Rei e o grande sacerdote podiam entrar no santuário do deus e contemplar a sua estátua. Já o resto dos fieis, tinha de se resignar a ver a divindade quando era passeada na barca portátil aos ombros dos sacerdotes durante algumas festas. A festa mais espetacular tinha lugar em Tebas: a festa de Opet, era quando as estátuas de Amon, Mut e Khonsu se reuniam em procissão e eram levadas até ao templo de Lucsor. (Este é um costume que se assemelha à Semana Santa)
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Virgem e o Menino (arte copta, pergaminho séc. XIX) |
O fogo do Inferno:
Juntamente com as procissões, chegaram também algumas representações que hoje são consideradas como cristãs, como o inferno em chamas. Esta ideia de um destino onde as almas dos condenados são queimadas e sujeitadas ao suplício para toda a eternidade depois de terem falhado o teste de juízo de Deus é uma nova versão de um velho mito. Toda a iconografia religiosa chegou-nos através dos coptas, que formaram uma das primeiras e mais consolidadas congregações cristãs do mundo antigo. A par destas imagens dos infernos, os coptas também nos transmitiram a imagem da Virgem e do Menino: uma estátua onde está uma mulher sentada acomodando no seu colo o filho.
Os sírio-palestinos não foram os únicos a serem influenciados pela cultura dos egípcios, também os gregos se identificavam devedores da civilização faraónica, por este motivo, foram muitos os helénicos de boas famílias que se deslocaram do Valo do Nilo para aprofundar os seus estudos.
Como vemos, há muitas ideias que nos ligam ainda ao mundo faraónico – para lá das múmias e das pirâmides.
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Amadeo Souza-Cardoso em Paris
A exposição dedicada a Amadeo de Souza Cardoso (1887-1918), no Grand Palais, em Paris, esteve patente ao público de 20 de abril a 18 de julho de 2016. Realizada no âmbito das comemorações dos 50 anos da delegação francesa da Fundação Calouste Gulbenkian, a exposição, que abre ao público na quarta-feira, reúne 250 obras assinadas por Amadeo de Souza Cardoso, 15 obras de outros artistas, que foram próximos do criador português, como Modigliani, Constantin Brancusi e o casal Robert e Sonia Delaunay, e 52 documentos de arquivo.
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Os Falcões (1912) |
Amadeo de Souza-Cardoso nasceu em Manhufe (Amarante) em 1887 e pertenceu à primeira geração de pintores modernistas portugueses. Na realidade, destaca-se entre todos eles pela qualidade excecional da sua obra e pelo diálogo que estabeleceu com as vanguardas históricas do início do século XX. A sua pintura articula-se de modo aberto com movimentos como o cubismo o futurismo ou o expressionismo, atingindo em muitos momentos – e de modo sustentado na produção dos últimos anos –, um nível em tudo equiparável à produção de topo da arte internacional sua contemporânea.
A mostra é uma revelação, uma redescoberta para o público internacional, pois houve um conjunto de circunstâncias que levaram a que, durante largas décadas, o trabalho do pintor amarantino não tivesse sido convenientemente divulgado. A presença no Grand Palais pode permitir, assim, corrigir a "injustiça" da falta de visibilidade internacional do artista português, uma injustiça, porque o público não pôde ver, os artistas não puderam ver este trabalho, mas que está a ser corrigida e tem vindo a ser corrigida, depois de várias iniciativas.
O artista Almada Negreiros teve bem a consciência de que Amadeo era a primeira descoberta de Portugal na Europa do século XX. Agora, no século XXI o desafio é retomado. Enquanto esteve em Paris, entre 1906-1914, Amadeo estava, de facto, no centro das vanguardas do seu tempo, relacionou-se ao lado dos artistas que hoje em dia todos conhecemos como os principais artistas das vanguardas internacionais. Amadeo estava naturalmente no centro, sem quaisquer complexos de inferioridade. Ele estava muito à vontade em Manhufe ou em Paris.
A exposição mostra uma densa produção artística, ilustrando uma obra entranhada de referências ao mundo rural e ao mundo moderno, com registos cubistas, futuristas ou expressionistas, de um artista que dizia ter "tantas fases como a lua" e que foi traçando o próprio estilo sem querer integrar nenhum movimento.
Organizada pelo organismo público francês Réunion des Musées Nationaux et du Grand Palais des Champs-Élysées, com apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, uma exposição que mostrou as grandes realizações dos portugueses na História.
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Cozinha da Casa de Manhufe (c. 1913) |
Autora:
Catarina Lopes, 9ºA
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Museu da Marinha
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NRP Sagres - navio-escola da Marinha Portuguesa |
A Marinha Portuguesa tem uma história bastante antiga, que se liga à própria história de Portugal, aliás, a Marinha de Guerra Portuguesa é o ramo das Forças Armadas mais antigo do mundo, de acordo com uma bula papal. A primeira batalha naval da Marinha Portuguesa de que se tem conhecimento, deu-se em 1180, durante o reinado do primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques, ao largo do Cabo Espichel, quando uma esquadra portuguesa, comandada por D. Fuas Roupinho, derrotou uma esquadra muçulmana.
É o Rei D. Dinis quem decide, pela primeira vez, dar uma organização permanente à Marinha Real em 1312, sendo nessa altura nomeado o primeiro Almirante do Reino, Manuel Pessanha.
No final do século XIV, dá-se início à expansão ultramarina portuguesa que se irá manter até século XVI. A Marinha toma aí o papel principal, primeiro explorando os oceanos e depois combatendo as potências que se opunham ao domínio português. A partir daí, a Marinha Portuguesa passa a atuar em todos os oceanos do mundo, desde o Atlântico ao Pacífico.
Ao longo dos séculos a nossa Marinha foi essencial para a consolidação do nosso Império e para a dinâmica económica do mesmo. O Museu da Marinha retrata esta História de vários séculos.
A ideia do Museu remonta a 1863, quando D. Luís decretou a constituição de uma coleção de testemunhos relacionados com a atividade marítima portuguesa.
Depois de passar por vários espaços, nomeadamente o palácio dos Condes de Farrobo nas Laranjeiras, em Lisboa, onde esteve de 1949 até 1962, ano em que se instalou nas alas Norte e Poente do Mosteiro dos Jerónimos. Considerado Organismo Cultural da Marinha de Guerra Portuguesa, a sua missão, mais do que relevar exclusivamente os assuntos militares navais, é salvaguardar e divulgar o passado marítimo português e tudo o que se relaciona com os mais diversos aspetos e atividades humanas no mar.
O museu inclui o Pavilhão das Galeotas que alberga as embarcações reais, como o bergantim, mandado construir em 1780, cuja última vez que navegou foi em 1957, por ocasião da visita oficial da Rainha Isabel II de Inglaterra a Portugal.
Este pavilhão, construído em finais da década de 1950 com projeto de arquitetura do Prof. Arquiteto Frederico George, é o primeiro edifício construído em Portugal de raiz, para albergar coleções museológicas.
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Calouste Gulbenkian: um mecenas do século XX
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Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa) |
Calouste Gulbenkian nasceu a 1866 e morreu em 1955. Foi um empresário de sucesso, e fundou a Fundação Calouste Gulbenkian. Este era um homem que gostava de colecionar arte. Nasceu no Império Otomano e morreu em Lisboa, onde no seu testamento referiu que queria que criassem uma fundação com o seu nome.
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Calouste Gulbenkian (c. 1900) |
Nasceu numa família de abastados comerciantes arménios de Istambul. O seu pai importava querosene da Rússia. Estudou em Londres, no King's College, onde obteve o diploma de Engenharia (1887). Fez uma viagem à Transcaucásia em 1891, visitando os campos petrolíferos de Baku. Aos 22 anos de idade, publicou o livro La Transcaucasie et la Péninsule d'Apchéron - Souvernirs de Voyage, do qual alguns capítulos foram publicados numa revista que chegou às mãos do ministro das Minas do governo otomano. Gulbenkian foi, por este, encarregado de elaborar um relatório sobre os campos de petróleo do Império Otomano, em especial na Mesopotâmia.
Negociador hábil e esclarecido, perito financeiro de grande categoria, Gulbenkian negociou contratos de exploração petrolífera com os grandes financistas internacionais e as autoridades otomanas, fomentando a exploração racional e organizada desta fonte de energia emergente. A indústria internacional dos petróleos começava a tomar forma no fim do século XIX. Gulbenkian organizou o grupo Royal Dutch, serviu de ligação entre as indústrias americanas e russas e deu o primeiro impulso à indústria na região do Golfo Pérsico.
Calouste Gulbenkian foi um amante de arte e homem de raro e sensível gosto, além de reunir uma extraordinária coleção de arte, principalmente europeia e asiática, de mais de seis milhares de peças.
Na arte europeia, reuniu obras que vão desde os mestres primitivos à pintura impressionista. Uma parte desta coleção esteve exposta por empréstimo, entre 1930 e 1950, na National Gallery (Londres) em Londres, e à Galeria Nacional de Arte em Washington, DC. Figuram na coleção obras de Carpaccio, Rubens, Van Dyck, Rembrandt, Gainsborough, Romney, Lawrence, Fragonard, Corot, Renoir, Boucher, Manet, Degas, Monet e muitos outros.
Além da pintura, reuniu um importante espólio de escultura do antigo Egito, cerâmicas orientais, manuscritos, encadernações e livros antigos, artigos de vidro da Síria, mobiliário francês, tapeçarias, têxteis, peças de joalharia de René Lalique, moedas gregas, medalhas italianas do Renascimento, etc. Quando de sua morte, em 1955, a sua coleção de obras de arte estava avaliada em mais de 15 milhões de dólares.
Da joalharia de Lalique destacamos uma peça, o peitoral da "mulher-libélula". Sem dúvida uma das joias mais espetaculares alguma vez criada por René Lalique, o grande criador da joalharia moderna, este peitoral “mulher-libélula” foi apresentado com enorme sucesso na Exposição Universal de Paris de 1900, onde o artista viu consagrada a sua obra de joalheiro Arte Nova. A figura híbrida, simultaneamente bela e horrível, é constituída por uma enorme libélula em ouro e esmalte de asas abertas articuladas, com finíssima decoração de esmalte vitral enriquecido por diamantes, esmaltes e pedras de lua. Da boca escancarada do inseto com garras de grifo sai um busto de mulher em crisópraso, cuja cabeça é coberta por um elmo decorado com duas figuras de escaravelhos em ouro esmaltado. O corpo longilíneo do inseto, também em ouro esmaltado, apresenta ainda calcedónias em cabuchão. Combinando a figura feminina com o inseto que simultaneamente atrai e repele ao tornar-se uma criatura híbrida com ferozes garras de grifo, este mundo de contrastes e opostos, tão típico do gosto da época, encontra nesta joia o seu verdadeiro paradigma.
Foi desejo de Gulbenkian que a coleção que reuniu ao longo da vida ficasse exposta num mesmo local. Assim é, em Lisboa, desde junho de 1960. Em 1969 foi inaugurado o edifício-sede da Fundação Calouste Gulbenkian (que acolhe os serviços centrais da Fundação, 2 auditórios, salas de conferências e 2 espaços expositivos) e o Museu, onde se encontra esta coleção permanente. Em 1983 foi inaugurado o Centro de Arte Moderna, no mesmo parque junto à Praça de Espanha onde se localizam todos esses edifícios.
É uma fundação pretende melhorar a qualidade de vida das pessoas através das artes e ciências. Partilhar as estratégias de cada uma das iniciativas é o principal objetivo que pretende alcançar para conseguir uma melhor divulgação e ampliar o impacto global que procuram.
A fundação financia terceiros; apoia projetos inovadores que gerem progresso e adaptabilidade à mudança; forma e cria novas capacidade de enfrentar questões atuais; cria redes e parcerias, aproximando pessoas e instituições.
A fundação atribui vários prémios para continuar a iniciativa das empresas e jovens, como o:
-Prémio Calouste Gulbenkian é atribuído a uma instituição ou a uma pessoa, portuguesa ou estrangeira, que se tenha distinguido na defesa dos valores essenciais da condição humana.
-Prémio de Artes Visuais para Jovens Criadores, que se destina a artistas de nacionalidade portuguesa ou estrangeira, com idades compreendidas entre os 25 e os 35 anos, que tenham terminado uma formação completa numa escola de artes portuguesa há menos de três anos.
A Fundação participa de diversos eventos ao longo do ano, sendo que neste momento está a decorrer a festa do livro e oficinas de artes plásticas do natal para as crianças. Esta também concede bolsas de estudo e de apoio aos alunos mais destacados, e também apoia projetos em diversas áreas.
Em conclusão, a fundação Calouste Gulbenkian é uma das maiores e melhores fundações apoiantes do desenvolvimento cultural e social da população mundial, que ajuda na criação de projetos inovadores relacionados com as artes.
Autores:
Afonso Santos, 9ºB
Tomás Moura, 9ºB
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quinta-feira, 30 de junho de 2016
Arquitetura do Ferro
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Ponte de Ironbridge, primeira ponte metálica |
O metal começa a ser usado na arquitetura e na engenharia civil no final do século XVIII e o seu desenvolvimento, paralelo ao da Revolução Industrial que afeta a produção e o mercado do ferro fundido, será mais rápido Inglaterra do que no resto da Europa, e será retardado pelas guerras napoleónicas.
Contudo, a arquitetura do ferro apareceu por volta da metade do século XIX. Enquanto que os arquitetos executavam historicismos, esforçando-se por inovar recorrendo à decoração, os engenheiros, mais ocupados com a questão técnica, preocupavam-se essencialmente em superar os desafios impostos pelas necessidades surgidas com a industrialização, dando origem ao capítulo mais original da arquitetura do século XIX – a chamada arquitetura do ferro.
Na época era vista como técnica pura aplicada a obras de engenharia sem qualquer mérito no campo da arquitetura. Assim, na tentativa de agradar ao gosto comum, executavam obras em ferro respeitando os historicismos e, frequentemente, encaixados em construções tradicionais como as estações de caminho-de-ferro, revelando uma adaptabilidade completamente nova na história da arquitetura. O resultado foi uma série de edifícios, construções e pontes, concebidos com propósitos completamente diferentes do habitual na arquitetura, colocando a tónica na função. Aliando a arquitetura do ferro com a recente invenção do elevador, foi possível construir em altura e desenvolver novos processos de construção em grande escala. É um marco fundamental na história da arquitetura.
Principais Edifícios em Arquitetura do Ferro
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Estação de São Bento |
Estação de S. Bento - Cobertura metálica da gare – Marques da Silva – Porto. A grande estação central do Porto é um edifício eclético, seguindo a melhor tradição "beaux-arts", enquadrado entre duas torres, bem no centro da cidade. O grande átrio está revestido por imponentes pinturas sobre azulejo, historicistas e história dos transportes, dando acesso à gare coberta por uma estrutura metálica.
Estação do Rossio - Cobertura metálica – José Luís Monteiro – Lisboa. Executada para a estação central de Lisboa, é utilizada uma estrutura de ferro, suportado por colunas de capitel coríntio, dando uma ideia de espaço amplo e perfeitamente funcional. Está integrada num edifício com fachada neomanuelina.
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Estação do Rossio |
Elevador de Santa Justa – Raul Mesnier de Ponsard – Lisboa. Talvez seja o principal exemplo de Neogótico em Portugal apesar de ser, também, um dos principais exemplos de arquitetura do ferro da cidade. Simula uma torre com seis andares fingidos, mas individualizados, com frisos e ogivas, coroada por uma plataforma mais larga, onde termina a subida. Tem acesso direto ao histórico largo do Carmo, através de uma passagem, também em ferro, lateralmente às ruínas góticas da Igreja do Convento do Carmo (edifício verdadeiramente gótico que foi deixado em ruínas como memorial do terramoto de 1755 para as gerações futuras). Apesar do elevador ser em ferro e a igreja em pedra, encontra-se perfeitamente enquadrado pelas semelhanças estilísticas, não escondendo o seu carácter industrial. É um dos monumentos mais marcantes do centro histórico de Lisboa.
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Central Tejo |
Central Tejo - Estrutura de ferro – Lisboa. Ainda que invisível por fora devido ao seu revestimento em tijolo, a grande central termoelétrica de Lisboa, da primeira metade do século XX, (hoje convertida em Museu da Eletricidade), tem uma estrutura de ferro que constitui o seu esqueleto e que suporta todos os componentes e a maquinaria conseguindo-se, assim, grandes vãos no seu interior. O seu revestimento de tijolo tem influências da Arte Nova e do Classicismo.
Ponte Maria Pia – Gustave Eiffel – Porto. Ponte metálica exclusivamente para caminho-de-ferro destaca-se pela elegância do seu enorme arco central e perfeita integração paisagística. Feita para vencer o enorme declive imposto pelo rio Douro, de modo a permitir a ligação em comboio com Lisboa, torna-se um dos grandes símbolos do desenvolvimento no norte de Portugal.
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Ponte Maria Pia, 1900 |
Ponte Luís I – empresa Bartissole Seyrig – Porto. É a segunda ponte metálica sobre o rio Douro. Ao contrário da ponte pênsil foi pensada para a ligação pedestre entre as duas margens, tanto ao nível da ribeira como da serra do Pilar. Possui um grande arco central, suportando o tabuleiro superior, do qual está literalmente "pendurada" uma passagem inferior. Esta ponte foi executada no mesmo local onde existia a antiga Ponte das Barcas, que permitia a passagem entre as duas margens, destruída durante as invasões francesas, e já claramente insuficiente para as necessidades da população. Atualmente são ainda visíveis partes das estruturas da antiga ponte junto ao tabuleiro inferior.
Ponte Eiffel – empresa Eiffel – Viana do Castelo. Originalmente, a travessia do Rio Lima era feita a bordo de uma barca do concelho; posteriormente, foi substituída por uma ponte em madeira, cuja construção foi autorizada em 1807. No entanto, devido às Invasões francesas, as obras só começaram entre 1818 e 1820. Esta ponte ligava os mesmos locais onde a barca atracava, ou seja, a Praça do Príncipe, na margem direita, ao Cais de São Lourenço, na margem esquerda. O projeto para a nova ponte foi fixado a cerca de 300 metros a montante da de madeira, com o viaduto na margem direita a passar junto ao limite oriental da cerca do Convento de São Bento. O projeto para a nova ponte foi elaborado pelo engenheiro Gustave Eiffel.
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Ponte Eiffel |
Palácio de Cristal – da autoria do arquiteto inglês Thomas Dillen Jones – Porto. Inaugurado em 1865, o Palácio de Cristal original acabou por ser demolido em 1951 para dar lugar ao Pavilhão dos Desportos, hoje Pavilhão Rosa Mota. A sua construção iniciou-se em 1861, sendo inaugurado pelo rei D. Luís e foi concebido para acolher a grande Exposição Internacional do Porto. Além de espaço de exposições, também recebeu eventos culturais.
Mercado Ferreira Borges – traçado pelo arquiteto João Carlos Machado – Porto. Construído em 1885 para substituir o já velho Mercado da Ribeira. O nome do mercado homenageia José Ferreira Borges, um jurisconsulto e político portuense que esteve na génese da implantação do regime liberal em Portugal.
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Palácio de Cristal |
Autora:
Teresinha Costa, 6ºB
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Museu Marítimo de Ílhavo
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Entrada do Museu |
O Museu Marítimo de Ílhavo (MMI) é um museu da Câmara Municipal de Ílhavo. Nasceu a 8 agosto de 1937, após um longo processo de gestação dinamizado por um grupo de amigos do Museu. Lugar de memória dos ilhavenses que o criaram, começou por assumir uma vocação etnográfica e regional. Em 2001 foi renovado e ampliado, passando a habitar num belo edifício de arquitetura moderna. Nesse mesmo ano, o MMI passou a contar com o navio-museu Santo André, antigo arrastão bacalhoeiro.
O MMI é testemunho da forte ligação dos ílhavos ao mar e à Ria de Aveiro. A pesca do bacalhau nos mares da Terra Nova e Gronelândia, as fainas da Ria e a diáspora dos Ílhavos ao longo do litoral português são as referências patrimoniais do Museu. A cada um dos temas corresponde uma exposição permanente que oferece ao visitante a possibilidade de reencontrar inúmeros vestígios de um passado recente.
O Museu Marítimo de Ílhavo conta com quatro exposições permanentes, todas elas de temática marítima, todas elas singulares e dotadas de coleções ricas que são parte do património do Museu.
No piso inferior residem as exposições mais identitárias: a Sala da Faina/Capitão Francisco Marques, dedicada ao tema da pesca do bacalhau à linha com dóris, e a sala da Ria, dedicada às fainas agromarítimas da Ria de Aveiro.
Interior do Faina Maior |
Exposição emblemática do Museu, representa a Faina Maior, a pesca do bacalhau à linha praticada por homens e navios portugueses durante os séculos XIX e XX. É um património fascinante e lendário, uma história plena de drama e heroísmo.
Lugar de memória da pesca do bacalhau por navios de linha (veleiros puros, veleiros com motor auxiliar ou navios-motor), esta exposição apela aos sentidos e exprime um duplo significado: evocação e homenagem a todas as comunidades que deram homens à “grande pesca”.
A exposição organiza-se em três espaços: no centro da sala exibe-se um belo iate da pesca do bacalhau, construído em madeira por antigos mestres de construção naval. Modelo em tamanho real, representa um navio típico das primeiras décadas do século XX. Talhado a meia água ou pelo limite inferior do convés, permite ao visitante ir a bordo e tocar todos os elementos materiais que faziam parte da grande faina. Saindo do convés, podemos observar o que falta no navio. Percorrendo a ala esquerda da sala, encontram-se os espaços que ficavam sob o convés: a câmara dos oficiais, o porão de salga e o rancho. A ala direita da sala consiste numa narrativa de viagem: começa com o apresto e largada do navio; prossegue com a viagem e a faina dos dóris, pequenos botes de um só homem; termina com o ansiado regresso do navio.
No piso superior do edifício habita as terceira e quarta exposições de caráter permanente – a Sala dos Mares, relativa à memória da expansão oceânica dos portugueses e dos ílhavos e ao papel de abertura e experimentação que nela desempenharam as pescarias longínquas do bacalhau e a Sala das Conchas.
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Bacalhaus no aquário |
O Aquário dos Bacalhaus do MMI, inaugurado em janeiro de 2013, outro ponto de interesse, consiste numa atraente exposição de património biológico dedicado à espécie Gadus morhua, o bacalhau do Atlântico, que podemos considerar “o nosso bacalhau”, aquele que os portugueses pescam e consomem há vários séculos. Plenamente inserido no percurso expositivo do Museu, o Aquário completa o discurso histórico e memorial da Faina Maior oferecendo ao público uma experiência de conhecimento e lazer incomparável. O Aquário tem 3,2 metros de profundidade e capacidade para 120 metros cúbicos de água. O sal é proveniente de laboratório de modo a ter características semelhantes às do habitat natural do bacalhau. A temperatura da água varia entre os 10ºC e os 12ºC.
Projetado em espiral descendente, o Aquário dos Bacalhaus do MMI distingue-se de outros aquários por ser aberto e pela possibilidade de ser avistado em percurso circular, numa crescente proximidade visual com os animais. Os bacalhaus avistam-se, primeiro, a partir de um patamar superior; de seguida, o Aquário é percorrido de forma centrífuga até ao auditório, onde se situa a janela mais ampla para contemplação dos animais.
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Aquário |
O Navio-Museu Santo André é outro polo do Museu Marítimo de Ílhavo. Fez parte da frota portuguesa do bacalhau e pretende ilustrar as artes do arrasto. Este arrastão lateral (ou “clássico”) nasceu em 1948, na Holanda, por encomenda da Empresa de Pesca de Aveiro. Era um navio moderno, com 71,40 metros de comprimento e porão para vinte mil quintais de peixe (1200 toneladas).
Nos anos oitenta surgiram restrições à pesca em águas exteriores que resultaram na redução da frota e no abate de boa parte dela. O Santo André não escapou à tendência. A 21 de agosto de 1997 foi desmantelado. O armador do navio, António do Lago Cerqueira, L.da (Pescas Tavares Mascarenhas, S.A.) e a Câmara Municipal de Ílhavo decidiram transformar o velho Santo André em navio-museu. Em agosto de 2001, o Santo André iniciou um novo ciclo da sua vida: mostrar aos presentes e vindouros como foram as pescarias do arrasto do bacalhau e honrar a memória de todos os seus tripulantes durante meio século de atividade.
O Navio-Museu Santo André está ancorado no Jardim Oudinot, na cidade da Gafanha da Nazaré, Município de Ílhavo.
O Museu Marítimo de Ílhavo espera pela visita dos nossos leitores.
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Navio Santo André |
Autora:
Joana Faria, 8ºA
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