“Desapertem os cintos e boas viagens com TIAGO SALAZAR!”
Assim começou o roteiro deste dia memorável para o Colégio Casa-Mãe.
No dia de 24 de fevereiro, alunos do 8.º ao 12.º ano, professores e direção empenharam-se por proporcionar memórias inesquecíveis ao talentoso escritor-viajante-andarilho Tiago Salazar.
Partimos com o especialista em literatura de viagens e apresentador do programa da RTP 2 “ENDEREÇO DESCONHECIDO” para uma viagem sem retorno. Durante a conversa descomprometida, partilharam-se experiências, trabalhos, projetos, leituras e vidas.
Levantámos voo para a AVENTURA da leitura, para a partilha da SAUDADE, para o HORIZONTE da promessa, para o ENCONTRO da conversa e para a DESCOBERTA da nossa voz.
CCM News: Qual é a profissão que o ocupa mais neste momento: jornalista, viajante, escritor?
Tiago Salazar: Escritor. Quase a tempo inteiro.
CCM News: O que surgiu primeiro na sua vida: a paixão pela viagem, a paixão pela leitura ou a paixão pela escrita?
TS: Como a escrita e a leitura são siamesas, não consigo responder a essa pergunta. Até porque quando escrevo também leio, também corto, também me releio. Uma e outra não são desligadas.
CCM News: Qual é o seu livro favorito ou aquele que recomendaria aos jovens?
TS: Uma pergunta ainda mais difícil. Mas há um livro que me parece para todas as idades, que é “O Velho e o Mar” de Ernest Hemingway. É um livro pequeno, que parece poesia. Podemos dizer que é um poema em prosa. Trata da vida de um velho pescador, que, no seu fim de vida, visita a sua vida toda e tudo o que viveu nesse caminho. É um livro de contemplação, comunhão com a natureza. Marcou uma geração, tal como “A Pérola” de Steinbeck, pois são livros de pensamentos perpétuos. Chegamos a velhos e pensamos nestas questões, temos estes duelos. Por outro lado, há uma curiosidade sobre o que virá a seguir, tememos a morte e mantemos a paixão pela natureza e pela sua simplicidade, pois não tem preciosismos.
CCM News: Há algum escritor em que se inspire para os seus textos?
TS: Um só não diria. Tenho paixões como Henry Miller, Clarice Lispector, Céline, Cendrars... São brasileiros, vários. Em Portugal, destaco Ramalho Ortigão, que acho formidável. Mas também gosto de Miguel Sousa Tavares, escritor de viagens. Gosto muito de ler o Bruce Chatwin, outro escritor de viagens. No romance, gosto muito do autor libanês Amin Maalouf, que escreve romances históricos fortíssimos. Mas já chamei pai e mãe a Henry Miller e Clarice Lispector.
CCM News: Partindo agora para o Tiago Salazar homem, como consegue um eterno viajante formar família e criar raízes?
TS: É difícil. As raízes têm de ser aquáticas para se levarem de um lado para o outro. Como partilho a minha vida com uma pessoa que também vive a viajar, há algum entendimento. Mas temos dificuldades de conciliar as coisas. Mas há doze anos que aceitamos essas condições. Os filhos cresceram assim.
CCM News: As viagens acompanhadas da sua família são diferentes das viagens solitárias? Em que medida?
TS: As viagens em família são mais pedagógicas, mas não de modo forçado. Todos temos um pouco de andarilhos, a viagem faz parte da nossa maneira de ser. É o melhor dos dois mundos quando estamos todos juntos.
A minha mulher não se considera uma viajante, pois vai dar um concerto e volta a casa. Faz viagens de aeroporto e hotel. Eu não. Tenho o pressuposto de conhecer. Tenho de me demorar. Isto é a minha vida e as pessoas gostam do que eu faço, logo o mínimo que eu posso fazer é tudo. O tempo na viagem é precioso!
CCM News: E a pergunta indispensável: como descreve esta tarde passada com o Colégio Casa-Mãe?
TS: Maravilhosa. Foi uma viagem fenomenal. Vocês são um colégio muito bem preparado. Noto que nos colégios há uma relação mais estreita com os alunos e as atividades são mais intensamente preparadas. Tenho tido aí melhores experiências, interessando-se por levar livros e lê-los, o que é ótimo. Gosto mais que me leiam do que me ouçam. Passei uma bela tarde!
Agradecemos a disponibilidade e a dedicação de todos, mas especialmente o poder de comunicação e de empatia de Tiago Salazar.
Autoras:
Catarina Brandão, 12ºA
Mariana Magalhães, 12ºB
