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quinta-feira, 24 de março de 2016

Retratos sociais em "A Farsa de Inês Pereira" de Gil Vicente

O conflito intergeracional

Efetivamente, a “Farsa de Inês Pereira” é um texto dramático, escrito por Gil Vicente, o primeiro dramaturgo português. Alguns nobres questionaram a sua escrita, duvidando se o autor fazia de si mesmo estas obras ou, se as roubava de outros autores. Então, foi-lhe sugerido um mote: “Mais quero asno que me leve, que cavalo que me derrube”. E, assim, surgiu uma obra de referência.
Ao longo da obra, é possível observar um conflito intergeracional entre mãe e filha, devido às opiniões opostas de cada uma sobre o futuro de Inês Pereira. 
A temática da peça está profundamente ligada à realidade vivida pela sociedade portuguesa da época de Gil Vicente: o desejo de ascensão social da pequena burguesia, que vê no casamento uma forma de consegui-lo, o oportunismo, o desprezo pela vida camponesa, o prestígio das maneiras cortesãs, a ignorância do rústico e a falta de escrúpulos. 
Apesar de terem passado cinco séculos, assiste-se igualmente a conflitos intergeracionais, que se refletem na sociedade através de desacordos quanto à liberdade dos filhos, às questões escolares, o uso de drogas, o alcoolismo, entre outros. No entanto, existem pequenas diferenças, por exemplo, existe maior liberdade de expressão e menor submissão. 
Em suma, os conflitos intergeracionais existiram na antiguidade e permanecem na atualidade, ou seja, os valores da sociedade portuguesa mantiveram-se ao longo dos tempos. 

Fernanda, Carlota, Leonor, Lúcia Catarina 10.ºA

O cómico em Gil Vicente como crítica social

Gil Vicente recorreu, indubitavelmente, à comicidade para condenar os comportamentos errados, denunciando atitudes hipócritas e satirizando a sociedade do seu tempo. Assim, este recurso sublinha a dimensão satírica das suas obras.
Com efeito, o cómico é, então, um meio para atingir o objetivo fundamental de criticar moralmente os grupos sociais, uma vez que a rir castigam-se os costumes (“Ridendo castigat mores”) e denunciam-se os erros.
Deste modo, existem três tipos de cómico, sendo eles, o cómico de linguagem, o cómico de situação e o cómico de caráter. Relativamente ao cómico de linguagem, o recurso a este resulta do não cumprimento do código linguístico quanto ao contexto. Já o cómico de situação revela falta de adequação entre a personagem e a situação em que se encontra, sendo marcada por momentos insólitos. Por sua vez, o cómico de caráter reside na maneira de ser das personagens, do seu comportamento e das suas atitudes. 
Efetivamente, este cómico está presente nos dias de hoje na nossa sociedade, como é possível ser verificado no sketch “Filme Indiano” dos Gato Fedorento. De facto, nos dias de hoje ainda é muito frequente o recurso ao cómico para ridicularização e moralização da sociedade. 

Paula Rocha, Inês Ferreira, Hugo Benjamim e João Almeida, 10ºA

O papel da mulher na sociedade

O papel da mulher na sociedade tem variado a longo do tempo bem como de região em região. Se, por um lado, temos uma mulher submissa e com pouca relevância social na época medieval por exemplo, por outro lado, temos uma mulher que participa ativamente na sociedade hoje em dia em algumas sociedades ocidentais. 
Deste modo, verifica-se um papel menos preponderante/interventivo da mulher até ao século XX, quando os direitos das mesmas foram finalmente reconhecidos. Assim sendo, uma mulher no passado era, tal como apresentado na peça de Gil Vicente, encarregue de determinadas tarefas domésticas enquanto o homem representava a principal fonte de sustento para a família. Assim sendo, é correto afirmar que a mulher era encarregue de tomar conta dos filhos e da sua educação, governar a casa, e em casos mais pobres trabalhar também, mas sempre ofícios que não eliminassem os dois primeiramente referidos.
Com efeito, a partir do século XX, inicia-se um processo de reconhecimento da mulher como parte fundamental da sociedade, principalmente em países ocidentais como os Estados Unidos da América ou a Europa, mas começando a afirmar-se em países mais orientais de igual modo. Desta forma, já se verifica uma forte evolução em relação ao que a mulher era antigamente e ao que é atualmente.
Concluindo, apesar da mulher ter visto o seu papel diversificar com a passagem do tempo, ainda persistem, porém, alguns locais onde a mulher continua a desempenhar funções mais redutoras apesar da evolução verificada noutros locais do globo.

Diogo Almeida, 10ºB e João Rodrigo Ribeiro 10ºC

Os laços familiares e o casamento

Devido aos séculos que separam a realidade retratada por Gil Vicente na “Farsa de Inês Pereira” à realidade atual, em muito estas duas realidades diferem. Dois dos aspetos onde podemos considerar as maiores diferenças são a relação com a família e o casamento, que ao longo do tempo têm vindo a modificar-se nomeadamente em Portugal, local onde decorre a farsa de Gil Vicente.
Em primeiro lugar, na Idade Média, o casamento constituía os pilares fundamentais da estrutura do parentesco, sendo assim, os sustentáculos de qualquer rede de parentesco. Atualmente, muitos casais optam por não casar e têm filhos constituindo assim uma rede de parentesco sem recurso ao casamento. Na Idade Média, o casamento não acontecia, na maior parte das vezes, por vontade própria da mulher, mas sim pela vontade do pai desta ou do marido. Atualmente, apesar desta realidade ainda ser frequente em alguns países, nomeadamente na China onde os casamentos são vinculados pela condição social e económica do marido e da família deste, em países ocidentais como o nosso isto já não acontece. Na realidade ocidental, o casamento sustenta-se pelo sentimento amoroso entre qualquer ser humano independentemente do seu sexo, outra inovação relativamente à realidade de Gil Vicente.
Em segundo lugar, as relações familiares também mudaram ao longo dos tempos tanto entre pais e filhos como entre maridos e mulheres. Apesar de nos nossos dias a família ainda ter um papel importante sob a vida de um indivíduo pertencente a esta, este papel não é marcado tão notoriamente como antigamente. Atualmente, os pais preocupam-se mais com o sentimento amoroso existente entre o filho/filha e o namorado/namorada do que com a condição social e económica destes. Contudo, em alguns casos isto continua a acontecer gerando conflitos entre famílias.
Concluindo, as mudanças entre a atualidade e as vivências na farsa de Gil Vicente são notórias, principalmente nos países ocidentais como é o caso de Portugal e menos notórias nos países orientais. Apesar disso, nota-se uma grande evolução nos laços familiares e no casamento relativamente à “Farsa de Inês Pereira”.

Rita Silva 10ºC, Bárbara Pinto 10ºB e Cláudia Rocha 10ºB

Campo vs Cidade

Efetivamente, as diferenças entre campo e cidade são notórias e estas existem desde há bastante tempo. Com o desenvolvimento do mundo industrializado como agora o conhecemos, assistimos a uma distinção entre estas zonas rurais e as mais cosmopolitas. Focamo-nos assim nos dois pontos de vista de apresentação destes ambientes 
No texto é evidente o caráter satírico com que nos é apresentado Pêro Marques sendo este ridicularizado pela sua natureza campesina. Atualmente existe uma menor diferença comportamental por parte das populações entre ambos os locais, muito em parte devido à globalização de métodos informativos. Sendo assim, ao longo dos tempos, esta lacuna quase estratigráfica tem vindo a ser atenuada. O esforço para o conhecimento e informação tem atuado como um fator importante tanto para o enriquecimento pessoal e cultural mas também para uma uniformização dos níveis de oportunidades.
Contudo, esta aproximação não é tão clara ao nível dos modos de vida e organização espacial. As cidades têm vindo a crescer exponencialmente em altura havendo um crescente aumento do nível de construções arquitetónicas imponentes formando uma paisagem geométrica de excelência. Em contraste, a paisagem rural não tem sofrido tantas alterações. Contrastando, nestes locais, mantém-se uma predominância de tons verdes, paisagens fabulosas e de uma menor mutabilidade. 
Finalmente, concluímos realçando a forma como as diferenças têm vindo a ser atenuadas e, simultaneamente acentuadas. Enquanto o desenvolvimento possibilitou que as populações se tornassem cada vez mais semelhantes e educadas também provocou o aparecimento de paisagens urbanas e culturas de massas em territórios mais citadinos. Como tal, a igualdade não será atingível em todo o sentido da palavra mas é cada vez mais próxima a nível social.

Alexandre Rocha, André Ferreira, David Miranda e Maria Francisca Bessa 10ºA