Muitas vezes se diz que é na sabedoria popular que se escondem algumas verdades intemporais que, pelo seu carácter simples e plausível se aplicam a inúmeras situações; muitas vezes porque, infelizmente, o Homem não muda. Este provérbio é exemplo disso e retrata, na minha opinião, o que aconteceu após as últimas eleições legislativas em Portugal.
Eu não fui votar. Não fui, não porque não quis fazer exercício do meu direito e, ao mesmo tempo, dever cívico de demonstrar qual a vontade que tenho para o rumo que deve seguir o meu país, mas porque tenho 17 anos e, portanto, tendo em conta que sou legalmente menor, estava impedido de o fazer.
No entanto, esta condição de jovem não é equivalente a qualquer tipo de irresponsabilidade e incapacidade pessoal para decidir o que quero para o meu país e, consequencialmente, para mim. Assim sendo, caso fosse possível, eu teria votado na PaF. Não o teria feito por considerar excelente a sua ação governativa na anterior legislativa, mas porque compreendo que, face à situação bastante negativa em que Portugal se encontrava, foi feito o máximo para que a Economia recuperasse. E recuperou, mesmo que à custa de algum sacrifício dos portugueses, Portugal saiu finalmente da recessão e evoluiu, inclusive, a sua preponderância política na Comunidade Europeia.
Por estes motivos (recuperação da economia e participação ativa na União Europeia), Portugal precisava, a meu ver, de uma política de continuidade; e os eleitores foram em relativa maioria concordantes comigo. Pelo contrário, o PCP e o BE, dois dos seis partidos com assento na Assembleia da República, defendem ou a saída do euro ou a renegociação da dívida. São estes mesmos partidos que apresentaram uma noção de censura ao Governo, assim como o PS e o PAN, e que negociaram, qual golpe sedento de poder, desde há várias semanas, um acordo de viabilização de uma legislatura liderada por António Costa, recentemente indigitado pelo Presidente da república.
Este governo que chega ao poder à custa dos portugueses e dos partidos que futuramente formarão a liderança da Oposição é totalmente constituído pelo PS que partilha as ideologias europeias dos partidos à sua direita. No entanto, está necessariamente ligado aos cordões umbilicais do BE e do PCP e, por isso, ninguém poderá ter a certeza da influência destes para que os socialistas se desviem das suas originais políticas comunitárias. É preciso relembrar que, sem BE, não há governo maioritário e, sem PCP, o mesmo acontece. Caso o PS se afaste da sua esquerda poderá ser imediatamente o fim do Governo. Volto a dizer, sem BE, não há governabilidade; sem PCP, o mesmo. Para mim, a governabilidade já não o existe quando se sustenta a maioria parlamentar em dois partidos de contestação, que fazem da sua vida política unicamente o exercício de uma oposição e que nunca aceitarão que as suas medidas sejam postas de lado, exigindo sempre cada vez mais do executivo socialista.
Eu não quero Portugal fora do Euro. Eu não quero um Portugal em que os Bancos, as nações, os empresários. Eu não quero um Portugal em que que os alpinistas, de tanto subirem, caiam e levem todo o país consigo. Eu quero um Portugal com uma solução de futuro, completamente integrado na Comunidade Europeia e nesta Aldeia Global que cada vez mais o é no Mundo em que vivemos.
Eu não acredito que o PS vá dar o tiro no pé de abandonar as suas ideologias europeias originais e incorrer nos extremismos isolacionistas de bloquistas e comunistas. Mas, o risco estará sempre lá, e a desconfiança e a insegurança também.
Cabe ao PS saber qual é o caminho mais positivo a seguir e não deixar que continuamente esta fome pelo poder afete os seus valores europeus. Se assim for, estas eleições não significam nenhuma vitória ou derrota por mais ou menos que poucochinho para qualquer partido. Quem perde é Portugal… e por muito. António Costa que se lembre que até o mais profissional dos alpinistas deve ter medo das alturas.
Autor:
Gonçalo Ribeiro, 12ºC