Últimas Notícias

Economia

Sociedade

Ciência e Tecnologia

Cultura

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Caminhos de ferro portugueses - 160 anos e agora?


O comboio foi o grande transporte do século XIX e da Revolução Industrial. destronado pelo automóvel e pelo avião, regressa ao primeiro plano por razões ambientais e económicas. Os TGV ("Train de Grande Vitesse" - Comboio de Alta Velocidade) concorrem com os aviões e nas mercadorias há muita coisa em aberto. Até os comboios a vapor podem ter uma nova vida, reconvertidos para fins turísticos. E Portugal que faz no momento em que se celebram os 160 anos do caminho de ferro luso.
Na Inglaterra Oitocentista desenvolveu-se a locomotiva a vapor. Em 1825, George Stephenson levou uma locomotiva que rebocava muitos vagões, entre duas cidades inglesas.
Início das obras da linha de caminho de ferro (1853)
Em Portugal, a chegada do comboio a vapor fez-se tarde. Apenas a 28 de outubro de 1856 se inaugurou o primeiro troço ferroviário de 36 km, entre Lisboa e o Carregado. A locomotiva D. Luís tinha o nome do irmão do rei D. Pedro V e foi construída em Inglaterra, em Manchester. Este acontecimento foi inaugurado, com pompa e circunstância, pelo rei D. Pedro V. Nessa altura, Portugal já tinha 30 anos de atraso em relação à Inglaterra.
O primeiro plano da rede ferroviária para o país ficou a dever-se ao político Fontes Pereira de Melo. Ele foi o grande responsável pelo desenvolvimento do caminho de ferro em Portugal. O seu objetivo era ligar o nosso país ao resto da Europa.
A rede ferroviária portuguesa foi crescendo. Em 1861, o troço Barreiro-Vendas Novas e Pinhal Novo-Setúbal foi inaugurado, era a linha do sul. Nesse mesmo ano o comboio chegou a Badajoz. 
Locomotiva D. Luís e carruagem real D. Maria Pia
As cidades de Lisboa e do Porto só ficaram ligadas em 1864. Em 1865 foi inaugurada a Estação de Santa Apolónia. 
Em 1877 foi inaugurada a Ponte Maria Pia, considerada uma das maiores obras-primas do engenheiro Gustave Eiffel. Esta infraestrutura ferroviária transportava a Linha do Norte sobre o Rio Douro, entre as cidades do Porto e Vila Nova de Gaia. Foi das primeiras pontes ferroviárias com tabuleiros suportados por arcos metálicos de grandes dimensões. Acabou por ser encerrada em 1991, tendo sido substituída pela Ponte de São João.
Em 1887 surgiu o “Sud-Express”, um comboio de luxo, com carruagens-cama e carruagens-restaurante, que ligava Portugal, Espanha e França. A viagem entre Lisboa e Paris durava só 3 dias.
Sud Express (1896)
Até 1900 foram criadas as linhas da Beira Alta, da Beira Baixa, a linha do Oeste, o ramal de Coimbra e o ramal de Cascais.
Em 1948 chegaram da Suécia as primeiras automotoras, mais rápidas e confortáveis. Em 1964 as viagens de comboio passaram a ser eletrificadas.
Os anos 90 do século XX trouxeram as evoluções tecnológicas, pois as viagens e a reserva de bilhetes passaram a ser informatizadas.
Ao longo dos séculos, o comboio promoveu a circulação de pessoas, bens e de ideias. Desenvolveu o país em diversos setores, melhorando as ligações nacionais e internacionais.
Atualmente é importante um maior investimento no transporte ferroviário para que mais portugueses o utilizem. Existe o reconhecimento dos decisores públicos, de que a ferrovia é estrategicamente importante para o desenvolvimento económico do país, e que face aos resultados operacionais que apresenta a empresa pública Caminhos de Ferro de Portugal (CP) a sua situação é insustentável financeiramente. O presidente da empresa reconhece ainda que são precisas decisões e que devem ser tomadas, após previa auscultação/debate entre todos os interessados: agentes sociais e poderes públicos. O comboio tem de chegar a mais populações e tem de facilitar a circulação de mercadorias. Interessa melhorar uma maior disponibilidade de percursos e horários, mais conforto e segurança nas viagens. Por outro lado, é de valorizar mais o nosso património ferroviário para promover o turismo. Um bom exemplo, é o comboio a vapor que costuma fazer a ligação, para os turistas, entre as estações da Régua e do Tua. Percorrer a linha do Douro é fazer uma viagem ao passado!
Comboio Turístico Régua-Pinhão (Locomotiva a Vapor 0186, construída em 1925 pela Henschel & Son)

Autor:

André Marques, 6ºA