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quinta-feira, 2 de julho de 2015

A Casa do Infante


Casa do Infante, 1909
O Porto tem sido nos últimos tempo premiado como destino turístico, o que origina que alguns pontos de interesse histórico sejam renovados. Uma das instituições portuenses que sofreu inovações nos últimos anos foi a Casa do Infante. Mas porque se chama Casa do Infante? Está relacionada com o Infante D. Henrique, o maestro do início das nossas descobertas africanas? Que valências estão aí instaladas?
A Casa do Infante está situada na rua da Alfândega, perto da Ribeira, o que já nos diz algo sobre a sua primitiva utilização. A sua história remonta a 1325, quando o rei D. Afonso IV mandou construir o “almazem” régio (isto é, a alfândega régia), contra a vontade do Bispo, então senhor do burgo. Assim nasceu a Alfândega do Porto, para onde eram encaminhadas todas as mercadorias que aportavam à cidade, a fim de ser cobrado o respectivo imposto.
O edifício da velha Alfândega está intimamente à figura do Infante D. Henrique que, segundo a tradição, teria nascido neste local, em 1394. A origem portuense do Infante D. Henrique é conhecida através do cronista Fernão Lopes. No Arquivo Histórico Municipal do Porto existe o documento com as despesas efectuadas durante as festas do seu baptizado, em 1394. A ligação do nascimento do Infante a este edifício entronca numa tradição popular. Sabemos que a torre norte foi habitação do almoxarife do rei, podendo ter sido este o local de estadia da corte. A credibilidade da versão popular assenta ainda no facto de se tratar do maior edifício civil do burgo e de ser propriedade da coroa.
Alfândega Régia, Época Medieval

O edifício primitivo era constituído por duas altas torres e um pátio central, cuja localização ainda se pode identificar. Os pisos mais elevados da torre norte funcionavam como local de habitação. A oriente do edifício principal havia um amplo recinto, onde funcionava a Casa da Moeda, cujas origens remontam também ao século XIV. Nas imediações foram-se concentrando outros importantes serviços da Coroa, como a Contadoria da Fazenda e o Paço dos Tabeliães.
No século XVII, todo o conjunto da Alfândega e Casa da Moeda sofreu profundas alterações. A fachada avançou sobre a rua, até ao limite atual. Foi demolida a parte superior das torres, as quais deram lugar a dois amplos cobertos. Uma inscrição de 1677 assinala esta obra. A Casa da Moeda medieval foi parcialmente demolida durante um interregno de laboração (1607-1688), passando a funcionar mais tarde em metade do seu espaço inicial. Os serviços alfandegários continuaram a funcionar neste local até ao século XIX, sendo então transferidos para a Alfândega Nova, em Miragaia. Depois disso, a Casa do Infante foi utilizada por particulares, como armazém de mercadorias.
Classificado como Monumento Nacional em 1924, o edifício veio a ser alvo de um grande restauro pela Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, no fim da década de 1950. Foi então entregue à Câmara Municipal do Porto e ocupado pelo Gabinete de História da Cidade. Em 1980, este deu origem ao Arquivo Histórico Municipal do Porto que conserva a documentação camarária desde o período medieval, para além de uma excelente colecção de plantas da cidade e ainda uma boa biblioteca com vasta e variada bibliografia dedicada à história do burgo.
Na década de 1990 foram feitas profundas escavações arqueológicas, cujos resultados, juntamente com o estudo documental e arquitectónico, permitiram conhecer com pormenor o local. As escavações proporcionaram uma visão mais rica dos edifícios e dos homens que os utilizaram. Para além dos objetos do quotidiano, as cerâmicas, os vidros, os selos da alfandegagem, entre outros objectos, constituem importantes indicadores dos fluxos comerciais que a cidade do Porto foi mantendo ao longo dos séculos.
A pesquisa arqueológica permitiu também a descoberta de vestígios de ocupações anteriores, nesta zona ribeirinha. Foram encontrados importantes testemunhos da ocupação romana, destacando-se os primeiros mosaicos do Baixo Império encontrados no Porto. A musealização destes vestígios, no local onde foram descobertos, foi um elemento essencial do projecto de transformação das instalações. Um circuito de visita museológico ilustra a história do local, desde a ocupação romana, com recurso a aplicações multimédia e a uma maqueta interactiva representando o Porto Medieval. Este núcleo museológico está integrado no Museu da Cidade.
Maqueta do Porto Medieval

Na atualidade, a Casa do Infante funciona como museu que retrata a história da cidade, da Alfândega Velha, da Casa da Moeda e possui uma exposição interativa sobre os Descobrimentos Portugueses.

Autores:

Henrique Andrade, 5ºB
Luís Martins, 5º B
Matilde Lema, 5ºB
Rita Ferreira, 5ºB
Teresinha Costa, 5ºB
Tiago Meireles, 5ºB