Últimas Notícias

Economia

Sociedade

Ciência e Tecnologia

Cultura

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Gravuras Rupestres de Foz Côa


O património mundial enriqueceu-se em 1994 com o achado do maior complexo de arte rupestre paleolítico ao ar livre conhecido até hoje. 
Há 20 000 anos atrás o homem gravou milhares de desenhos representando cavalos e bovídeos nas rochas xistosas do vale do Côa, afluente do rio Douro, no nordeste de Portugal. Desde agosto de 1996, o Parque Arqueológico do Vale do Côa organiza visitas a alguns núcleos de gravuras.

Arte Rupestre - Arte Primitiva

Há milhares de anos, os antigos povos já se manifestavam artisticamente, mesmo ainda não conhecessem a escrita, eles começaram a desenvolver e criar obras de arte. Essa arte era composta por representações gráficas (desenhos, símbolos, sinais) feita em paredes de cavernas pelos homens
da Pré-História.

Onde e como é que eram feitas?

As gravuras tinham como suporte superfícies verticais de xisto, com exposição preferencial a nascente. A dimensão das gravuras tinha entre 15 cm e 180 cm, embora também pudessem ter de 40–50 cm de extensão. As técnicas usadas eram a picotagem e a raspagem, ou as duas, uma sobre a outra. 
Utilizavam traços largos, embora por vezes acompanhados de uma grande quantidade de finos traços, que serviram de esboço ou complementavam os anteriores. Noutros casos, estes traços finos desenhavam formas dificilmente perceptíveis. Existem também gravuras preenchidas com traços múltiplos.

O que representavam?

As gravuras representam essencialmente animais, embora se conheça uma ou outra representação humana ou abstrata. Em março de 1995, ainda não se conheciam representações de signos, característicos da arte rupestre paleolítica. Os animais mais representados são os cavalos e os
bovídeos. Exclusivos em certos núcleos, eles podem também coexistir com caprídeos e cervídeos. Os animais aparecem isolados ou em associação, constituindo autênticos painéis. As representações de animais podem sobrepor-se mais ou menos densamente, como podem também estar bem individualizadas.

Como nasceu o Parque Arqueológico do Côa?

O plano de construção de uma barragem que iria deixar submersos os desenhos gerou polémica nos anos 90, sendo o assunto discutido a nível nacional. As obras da controversa barragem foram paradas, criando-se, em 1995, o Parque Arqueológico do Vale do Côa, de forma a reconhecer o grande interesse patrimonial e cultural deste conjunto de achados paleolíticos. Em dezembro de 1998 os núcleos de gravuras rupestres foram classificados como Património Mundial, pela Unesco. O complexo do vale do Côa é a terceira estação de arte rupestre paleolítica conhecida em Portugal, sendo possível identificar centenas, talvez milhares, de gravuras distribuídas ao longo do vale.
É verdade que as gravuras sempre foram vistas pelos pastores e pelos moleiros, deixando alguns destes as suas próprias criações ao lado dos que os antecederam em cerca de duzentos séculos ou mais. E verdade é também que o fozcoense Dr. José Silvério de Andrade, que foi médico, escritor e presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Foz Côa, já nos anos 30 dava notícias de algumas gravuras, que descobrira, ao conceituado Abade de Baçal, através de um seu artigo num jornal de Mirandela.
Foi no entanto o Dr. Nelson Rebanda o arqueólogo que, em 1995, ligou o seu nome à descoberta oficial de tais achados, na sequência dos trabalhos que lhe haviam sido incumbidos pela EDP, concessionária da barragem entretanto em construção no Côa.
Declarada a suspensão da barragem pelo Governo que acedeu ao poder em Outubro de 1995, em breve o Vale do Côa, com os diversos "sítios" entretanto identificados ao longo de 17 quilómetros, recebia a classificação de monumento nacional. Segundo os entendidos, ali se encontrava o maior museu ao ar livre do Paleolítico, de todo o mundo. E a importância de tais achados chegou depois ao conhecimento da UNESCO, que não demorou a considerá-los Património Cultural da Humanidade.
O Vale do Côa fica à espera da vossa visita...

Autora:

Íris Borges, 7ºA