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quarta-feira, 29 de junho de 2016

Trinta Anos Após a Explosão do “Challenger”


No dia 28 de janeiro de 1986, o mundo assistia à “Maior tragédia na conquista do espaço”. Apenas 75 segundos depois de ter descolado de Cabo Canaveral para a sua décima missão em torno da Terra, o vaivém espacial Challenger explodia sob o olhar incrédulo da multidão que assistia à sua partida na Florida e os muitos mais que viram as imagens pela televisão (revejam o acidente). Na capa do “Diário de Notícias” (DN) do dia 29, ao lado da imagem da nave em chamas, uma fotografia de Christa McAuliffe, a professora primária selecionada entre milhares de candidatos para ir ao espaço, sorridente, minutos antes de embarcar para a morte.
“Foi tudo muito rápido e inexplicável, segundo as testemunhas paralisadas de pavor: uma enorme bola de fogo envolveu a nave e os foguetes de propulsão, sucedendo-se uma chuva de destroços que caíram no Atlântico, numa área de cerca de vinte quilómetros”, escrevia o DN na primeira página de 29 de janeiro de 1986. A “maior tragédia na conquista do espaço”, como lhe chamava o jornal na manchete, deixara a América e o mundo em choque na véspera.
O vaivém espacial Challenger foi o terceiro a ser fabricado pela NASA, após a Enterprise e o Columbia. O seu primeiro voo ocorreu a 4 de abril de 1983, mas essas missões repetiram-se mais nove vezes até ao desastre de janeiro de 1986.
O desastre paralisou o programa espacial norte americano durante meses, durante os quais foi feita uma extensa investigação que concluiu o defeito no equipamento e no processo de controlo de qualidade da produção das peças da nave espacial, a anilha.
Richard Feyman explicando o desatre
A investigação sobre o acidente com o vaivém espacial foi liderada pelo renomado físico Richard Philips Feynman, que descobriu uma falha nos anéis de borracha que serviam para a vedação das partes do tanque de combustíveis, que apresentava anomalias na expansão quando a temperatura chegava aos 0°C (ou 32°F). Feynman foi a público explicar as causas do acidente que chocou os Estados Unidos e fez uma demonstração ao vivo.
A última viagem da nave espacial Challanger teria dois marcos para entrar na história das viagens espaciais, ambos devido à presença da professora–astronauta Christa McAuliffe como tripulante, pois ela seria a primeira mulher e como tal a primeira "civil" (não astronauta) a ser enviada para o espaço pela NASA. Muito por conta da presença da professora na tripulação, o lançamento teve uma assistência em direto de cerca de 17% da população dos Estados Unidos. A repercussão do acidente na comunicação social, também foi extensa: um estudo relatou que 85% dos norte-americanos entrevistados tinham tomado conhecimento da notícia na primeira hora da tragédia. O desastre do Challenger tem sido usado como estudo de casos em muitas discussões de engenharia de segurança e ética no trabalho.
A tripulação do último voo do space shuttle Challenger era constituído por:
  • Michael J. Smith
  • Dick Scobee
  • Ronald McNair
  • Ellison Onizuka
  • Christa McAuliffe
  • Gregory Jarvis
  • Judith Resnik

O desastre expôs as fragilidades dos projetos de vaivém espaciais e os problemas operacionais do programa espacial dos Estados Unidos, mas ao mesmo tempo impulsionou o progresso e ajudou também ao início de uma indústria de transporte espacial comercial que atualmente desenvolve naves espaciais para passageiros.
Após o acidente, o então presidente Ronald Reagan proibiu o transporte de satélites comerciais nos módulos espaciais da NASA, obrigando assim a estrutura militar a desenvolver formas alternativas de lançamento.
A mudança na política espacial abriu espaço para a criação da atual indústria espacial comercial, que em 2014 registou um movimento de 5,9 mil milhões de dólares, de acordo com um relatório publicado no ano passado pela Associação da Indústria de Satélites.
Os acidentes, no entanto, continuam inevitáveis à medida que o campo espacial amadurece, disse Mike Leinbach, ex-diretor de lançamentos da NASA. “O voo espacial é como qualquer outro grande sistema de engenharia”, disse destacando que as aeronaves tornaram-se mais seguras após o acidente.
A conquista do espaço demonstra o quanto a ciência avançou e pode avançar. Num vaivém espacial temos a aplicação dos mais recentes avanços científicos. Porém, como em todas as criações humanas, podem existir falhas. Este acidente é um exemplo desta sempre presente possibilidade e recordar é uma forma de reaprendermos.
1º voo Challenger em 1983


Autor:

Henrique Andrade, 6ºB