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quinta-feira, 30 de junho de 2016

Museu Marítimo de Ílhavo

Entrada do Museu

O Museu Marítimo de Ílhavo (MMI) é um museu da Câmara Municipal de Ílhavo. Nasceu a 8 agosto de 1937, após um longo processo de gestação dinamizado por um grupo de amigos do Museu. Lugar de memória dos ilhavenses que o criaram, começou por assumir uma vocação etnográfica e regional. Em 2001 foi renovado e ampliado, passando a habitar num belo edifício de arquitetura moderna. Nesse mesmo ano, o MMI passou a contar com o navio-museu Santo André, antigo arrastão bacalhoeiro.
O MMI é testemunho da forte ligação dos ílhavos ao mar e à Ria de Aveiro. A pesca do bacalhau nos mares da Terra Nova e Gronelândia, as fainas da Ria e a diáspora dos Ílhavos ao longo do litoral português são as referências patrimoniais do Museu. A cada um dos temas corresponde uma exposição permanente que oferece ao visitante a possibilidade de reencontrar inúmeros vestígios de um passado recente.
O Museu Marítimo de Ílhavo conta com quatro exposições permanentes, todas elas de temática marítima, todas elas singulares e dotadas de coleções ricas que são parte do património do Museu. 
No piso inferior residem as exposições mais identitárias: a Sala da Faina/Capitão Francisco Marques, dedicada ao tema da pesca do bacalhau à linha com dóris, e a sala da Ria, dedicada às fainas agromarítimas da Ria de Aveiro.
Interior do Faina Maior
Exposição emblemática do Museu, representa a Faina Maior, a pesca do bacalhau à linha praticada por homens e navios portugueses durante os séculos XIX e XX. É um património fascinante e lendário, uma história plena de drama e heroísmo.
Lugar de memória da pesca do bacalhau por navios de linha (veleiros puros, veleiros com motor auxiliar ou navios-motor), esta exposição apela aos sentidos e exprime um duplo significado: evocação e homenagem a todas as comunidades que deram homens à “grande pesca”.
A exposição organiza-se em três espaços: no centro da sala exibe-se um belo iate da pesca do bacalhau, construído em madeira por antigos mestres de construção naval. Modelo em tamanho real, representa um navio típico das primeiras décadas do século XX. Talhado a meia água ou pelo limite inferior do convés, permite ao visitante ir a bordo e tocar todos os elementos materiais que faziam parte da grande faina. Saindo do convés, podemos observar o que falta no navio. Percorrendo a ala esquerda da sala, encontram-se os espaços que ficavam sob o convés: a câmara dos oficiais, o porão de salga e o rancho. A ala direita da sala consiste numa narrativa de viagem: começa com o apresto e largada do navio; prossegue com a viagem e a faina dos dóris, pequenos botes de um só homem; termina com o ansiado regresso do navio.
No piso superior do edifício habita as terceira e quarta exposições de caráter permanente – a Sala dos Mares, relativa à memória da expansão oceânica dos portugueses e dos ílhavos e ao papel de abertura e experimentação que nela desempenharam as pescarias longínquas do bacalhau e a Sala das Conchas.
Bacalhaus no aquário
O Aquário dos Bacalhaus do MMI, inaugurado em janeiro de 2013, outro ponto de interesse, consiste numa atraente exposição de património biológico dedicado à espécie Gadus morhua, o bacalhau do Atlântico, que podemos considerar “o nosso bacalhau”, aquele que os portugueses pescam e consomem há vários séculos. Plenamente inserido no percurso expositivo do Museu, o Aquário completa o discurso histórico e memorial da Faina Maior oferecendo ao público uma experiência de conhecimento e lazer incomparável. O Aquário tem 3,2 metros de profundidade e capacidade para 120 metros cúbicos de água. O sal é proveniente de laboratório de modo a ter características semelhantes às do habitat natural do bacalhau. A temperatura da água varia entre os 10ºC e os 12ºC.
Projetado em espiral descendente, o Aquário dos Bacalhaus do MMI distingue-se de outros aquários por ser aberto e pela possibilidade de ser avistado em percurso circular, numa crescente proximidade visual com os animais. Os bacalhaus avistam-se, primeiro, a partir de um patamar superior; de seguida, o Aquário é percorrido de forma centrífuga até ao auditório, onde se situa a janela mais ampla para contemplação dos animais.
Aquário
O Navio-Museu Santo André é outro polo do Museu Marítimo de Ílhavo. Fez parte da frota portuguesa do bacalhau e pretende ilustrar as artes do arrasto. Este arrastão lateral (ou “clássico”) nasceu em 1948, na Holanda, por encomenda da Empresa de Pesca de Aveiro. Era um navio moderno, com 71,40 metros de comprimento e porão para vinte mil quintais de peixe (1200 toneladas).
Nos anos oitenta surgiram restrições à pesca em águas exteriores que resultaram na redução da frota e no abate de boa parte dela. O Santo André não escapou à tendência. A 21 de agosto de 1997 foi desmantelado. O armador do navio, António do Lago Cerqueira, L.da (Pescas Tavares Mascarenhas, S.A.) e a Câmara Municipal de Ílhavo decidiram transformar o velho Santo André em navio-museu. Em agosto de 2001, o Santo André iniciou um novo ciclo da sua vida: mostrar aos presentes e vindouros como foram as pescarias do arrasto do bacalhau e honrar a memória de todos os seus tripulantes durante meio século de atividade. 
O Navio-Museu Santo André está ancorado no Jardim Oudinot, na cidade da Gafanha da Nazaré, Município de Ílhavo.
O Museu Marítimo de Ílhavo espera pela visita dos nossos leitores.
Navio Santo André

Autora:

Joana Faria, 8ºA