No âmbito da visita de estudo ao CERN, fizemos uma entrevista a um dos cientistas portugueses mais reconhecidos, o professor Pedro Abreu. Na atualidade é Presidente e Professor Auxiliar com Agregação no Departamento de Física, do Instituto Superior Técnico de Lisboa (IST), onde é ainda responsável pela disciplina de Mecânica e Ondas e leciona também a disciplina de Eletromagnetismo e ótica.
Palestra Dr. Pedro Abreu |
O professor Pedro Abreu doutorou-se em Dezembro de 1995 pelo Instituto Superior Técnico, tendo a sua tese o título de “Decaimentos Z0->llV no Detetor DELPHI em LEP”, que aborda os decaimentos raros do bosão Z0 em um par de leptões (ll) e um par adicional partícula-antipartícula (V), tomando por base os dados adquiridos na experiência DELPHI no período de 1990 a 1994. A experiência DELPHI é uma das quatro experiências a funcionar no LEP, o anel de colisão eletrão-positrão do CERN, laboratório de Física de Altas Energias da Organização Europeia de Pesquisa Nuclear, localizado em Genebra, Suíça.
Pedro Abreu é também investigador e Coordenador para a Divulgação, no Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas (LIP) em Lisboa. Desde 2003 é o representante do LIP/Portugal no grupo IPPOG – International Particle Physics Outreach Group, e de Portugal no grupo EPPCN – European Particle Physics Communication Network, desde a sua criação em 2006.
A par destas atividades o professor é o Presidente da Delegação Regional do Sul e Ilhas da Sociedade Portuguesa de Física, e ajudou a criar em 2007 as Escolas de Professores no CERN em Língua Portuguesa, das quais é o principal coordenador.
A par destas atividades o professor é o Presidente da Delegação Regional do Sul e Ilhas da Sociedade Portuguesa de Física, e ajudou a criar em 2007 as Escolas de Professores no CERN em Língua Portuguesa, das quais é o principal coordenador.
Entrevista ao Físico Dr. Pedro Abreu |
CCM NEWS: Todas as crianças sonham um dia ter uma profissão heróica, como polícia, bombeiro, médico. Desde quando é começou a sonhar em ser um cientista, um físico?
PROF. PEDRO ABREU: Aos treze anos. Nessa altura, li um livro que falava sobre a transmutação da matéria de como o CERN pela injeção de feixes de partículas permitia transformar núcleos. Então decidi que queria ir para o CERN. Desde então, foi trabalhar exaustivamente, para lá chegar. O trabalho consistia na leitura de livros de divulgação científica e de matemática - era apaixonado pela matemática.
CCM NEWS: Até que ponto considera que todas as descobertas levadas a cabo nos laboratórios do CERN, nos podem ajudar a compreender melhor todo o universo.
PROF. PEDRO ABREU: A compreensão do universo não é de agora, aliás, é resultado de trezentos anos de história que já reflete mais de dois mil anos de pensamento. Mas digamos, enquanto que durante esse tempo as pessoas pensavam, a verdade é que não experimentaram. Experimentar, para ver o que é que resultará, é uma novidade. Por tanto são apenas quatrocentos anos de experimentação, teoria, experimentação... Os laboratórios do CERN trouxeram alguns resultados muitíssimo importantes. Entre os quais a massa das partículas elementares. Isto é, a massa das partículas compostas é constituída pela soma dos materiais de são feitas, mais o movimento das mesmas no interior. Logo todo o que é composto é energia de movimento. Por outro lado, uma partícula elementar (pontual) não é constituída por nada, assim sendo, como é possível, por exemplo, o eletrão ter massa? E é esta pergunta que nos motiva a desenvolver as nossas pesquisas no CERN.
PROF. PEDRO ABREU: A compreensão do universo não é de agora, aliás, é resultado de trezentos anos de história que já reflete mais de dois mil anos de pensamento. Mas digamos, enquanto que durante esse tempo as pessoas pensavam, a verdade é que não experimentaram. Experimentar, para ver o que é que resultará, é uma novidade. Por tanto são apenas quatrocentos anos de experimentação, teoria, experimentação... Os laboratórios do CERN trouxeram alguns resultados muitíssimo importantes. Entre os quais a massa das partículas elementares. Isto é, a massa das partículas compostas é constituída pela soma dos materiais de são feitas, mais o movimento das mesmas no interior. Logo todo o que é composto é energia de movimento. Por outro lado, uma partícula elementar (pontual) não é constituída por nada, assim sendo, como é possível, por exemplo, o eletrão ter massa? E é esta pergunta que nos motiva a desenvolver as nossas pesquisas no CERN.
Há cinquenta anos, cientistas pensaram “a massa das partículas elementares, como não se devendo à inexistente estrutura interna, deveria se dever à interação das mesmas com algo no universo”. Passado quarenta e oito anos, no CERN, comprovou-se a veracidade desta teoria. Deste modo, aqueles cientistas que no ano passado (2013) tinham feito a descoberta teórica, ganharam um Nobel. Portanto, o CERN é muito mais que a compreensão do universo, é também o desenvolvimento de tecnologia que depois tem muitas aplicações, no desenvolvimento de ideias, de relações pessoais, visto que nos laboratórios trabalham israelitas e palestinianos lado a lado, coisa que noutro canto do mundo é motivo para guerra.
Em suma, o CERN, permitiu resolver questões fundamentais como que a interação electromagnética é a mesma interação por de trás da radioactividade. Ou seja, permitiu a confirmação de modelos teóricos, e ao mesmo tempo unifica todas estas realidades.
Entrevista conduzida por:
Carla Neto, 10º B
Joana Ferreira, 10º B
Manuel Couto, 10º B
Fernando Couto, 10º B
Vítor Silva, 10º B