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Tropas portuguesas em Moçambique (1916) |
No passado mês de Agosto celebramos o centenário da 1ª Guerra Mundial. Foram tempos difíceis para os que combateram e para os que ficaram em casa com receio que os que foram não voltassem. Inicialmente todos foram convencidos que a guerra iria ser rápida e que iriam ganhar facilmente, mas não passaram de mentiras. Foi uma guerra demorada e muito sangrenta. Os gastos mundiais foram elevados, mas mais significativas foram as perdas humanas.
A guerra das trincheiras caraterizou-se pelas más e desumanas condições: a comida era escassa, a lama e o sangue misturavam-se e formavam uma pasta que cobria todo o chão, as ratazanas com o tempo tornaram-se mais agressivas e as doenças eram uma das principais causas de morte naquela guerra. Os cuidados médicos eram muito fracos. Vejamos alguns relatos de soldados dessa guerra sangrenta.
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Batalha do Somme (1916) |
“Corremos que nem loucos para chegar a Beaumont, onde devemos reforçar um batalhão do 32.° regimento. Temos de levantar novelos de arame farpado, o que nos atrasa. Começamos a ter febre e a espumar da boca quando somos obrigados a passar por cima de cadáveres. O barranco está completamente esburacado pelos obuses. Por outro lado, são só buracos de cinco e mesmo dez metros, cheios de cadáveres até acima. De repente, um obus enorme cai do céu, mesmo no meio da 1.ª secção da companhia: dez feridos e quinze mortos volteiam no ar, pedaços de cadáveres caem em todos os lados, e nós somos cobertos por uma chuva de sangue.” (Edouard Bougard, cabo no 208.° Regimento de Infantaria do Exército Francês)
“Os piolhos devoram-nos e reproduzem-se com uma fecundidade assustadora: nascidos de manhã, à noite já são avós!” (Tenente François Mauris, 298 .° Regimento de Infantaria do Exército Francês)
“O terreno é um verdadeiro cemitério revolvido. O nossos abrigos [nas trincheiras], muito profundos e com duas entradas estão cheios de piolhos e de ratazanas enormes que nos devoram. Nunca vi tantas juntas e tão vorazes. “ (Soldado Cautain, 95.° Regimento de Infantaria do Exército Francês)
Naquela época, a guerra nasceu, talvez na maioria das guerra que o Mundo conhece ou conheceu, por causa de do Nacionalismo Económico. As nações europeias competiam economicamente entre si, alimentando as suas rivalidades históricas, reforçadas com o nascimento do Nacionalismo no século XIX. A partilha de terras e a divisão territórios em África agudizou esse sentimento. Esta divisão desencadeou pressões entre as grandes potências mundiais que despoletaram a 1ª Guerra Mundial.
A paz assinada em Versalhes em 1919 trouxe consigo um novo mapa político da Europa, nasceram, dos escombros dos grandes impérios alemão, autro-húngaro, russo e otomano, novos países: a Polónia; a Checoslováquia; a Lituânia; a Letónia; a Estónia; a Áustria; a Hungria; a Jugoslávia; e a Turquia. Além destas mudanças de territoriais, a guerra trouxe morte e destruição da economia euopeia.
Esta guerra teve consequências humanas e económicas devastadoras para a época. As baixas humanas foram a principal consequência, com mais de 8 milhões de mortos (1,9 milhões na Alemanha, 1,7 milhões na Rússia, 1,4 milhões na França, 1 milhão na Áustria-Hungria e 760 mil na Inglaterra), 20 milhões de feridos e 6 milhões de inválidos (combatentes que depois da guerra ficaram incapacitados de exercer outro trabalho). As consequências económicas foram também muito acentuadas, fazendo com que muitos estados entrassem em crises económicas profundas. A Europa ficou completamente desorganizada, com graves problemas no setor agrícola e industrial. Os grandes beneficiários desta situação foram os EUA e o Japão. No caso do Japão, o país pôde beneficiar do afastamento dos tradicionais concorrentes europeus, o que permitiu o estímulo e a diversificação da sua indústria. Os EUA lucraram também, pois viram as suas reservas de ouro duplicar, ficando nas suas mãos cerca de metade do ouro disponível a nível mundial. Este poderio económico vai permitir ao país substituir, lentamente, a dependência financeira dos europeus, em particular na América do Sul.
Note-se que a guerra começou com rivalidades entre as maiores potências e que terminou sem que estas rivalidades estejam resolvidas. Será que esta guerra valeu a pena? Ou piorou ainda mais o estado mundial? A resposta a esta pergunta é óbvia: Não valeu a pena. A economia ficou destroçada, o mapa da Europa teve de ser redefinido porque o território ficou limitado devido aos escombros da guerra, o efetivo populacional mundial desceu drasticamente e a política ficou fragilizada.
Hoje em dia vivemos numa época em que se verifica cada vez mais os nacionalismos. Estes nacionalismos verificaram-me na época de 1914 porque cada país queria crescer individualmente e África permitia esse crescimento, fornecendo matérias-primas para o desenvolvimento das indústrias e para aumentar o número das exportações. Será que estamos a voltar a um tempo de rivalidades entre potências mundiais? Será que uma 3ª Guerra Mundial poderá se desencadear. Ou será que já estamos em plena 3ª Guerra Mundial, mas em cenários diferentes e com um fio condutor comum?
Autores:
Diogo Almeida,9ºA
Rafael Moreira, 9ºA
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